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Telemedicina pode ajudar no tratamento de câncer infantil

Por Agencia Estado
Atualização:

Um novo projeto de telemedicina pode reduzir significativamente o câncer infantil em regiões distantes dos grandes centros médicos. O projeto foi desenvolvido pela Escola Politécnica e o Instituto da Criança do Hospital das Clínicas. Segundo o coordenador do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Politécnica, Marcelo Zuffo, a tecnologia será utilizada para dar aos médicos o acesso a técnicas avançadas de diagnóstico e tratamento do câncer infantil, a segunda maior causa de morte de crianças no país, cuja cura é possível em até 70% dos casos. Essa tecnologia, inédita na América Latina, permite fazer radiografias e ultra-sonografias a distância, além da interação entre médicos e pacientes em tempo real. Ela permite conhecer a forma e a localização do tumor e orientar o tratamento. ?O Brasil tem dimensões continentais e as regiões afastadas ainda sofrem com a carência de profissionais de saúde e baixa complexidade do atendimento?, justificou Zuffo, que está em Portugal à procura de novos parceiros para o projeto. Para outro coordenador do projeto, Adilson Hira, a telemedicina evita o deslocamento de doentes de várias regiões do país para São Paulo, que causa transtorno social e despesas. ?A maioria das famílias não pode arcar com os custos de uma permanência prolongada em São Paulo?, observa Hira, lembrando que o tratamento do câncer é demorado. ?Só as cirurgias são realizadas no Instituto da Criança?, acrescenta. A primeira experiência desse projeto funciona há dois anos no extremo norte do país, no Hospital de Base de Porto Velho, em Rondônia. Ao custo de R$ 100 mil, foi montado na cidade um sistema de teleconferência por meio do qual os pacientes diagnosticados com câncer podem ouvir uma segunda opinião dos especialistas do Instituto da Criança de São Paulo e também ser tratados a distância. O Estado de Rondônia foi escolhido em razão do grande número de crianças que procuravam o Instituto da Criança para tratamento de câncer. Entre 1994 e 1998, foram atendidos 28 casos, mas esse número cresceu após a instalação da telemedicina. Agora, os responsáveis pelo projeto andam à procura de novos parceiros e recursos para estender o atendimento a outras regiões, mas até hoje não conseguiram o apoio do Ministério da Saúde nem da Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel), que administra um fundo destinado ao desenvolvimento do setor, o Fust. Em Rondônia, o sistema de teleconferência foi montado com o apoio de empresas privadas, como a NEC, Avitel e Embratel. O Saint Jude Children Research Hospital de Memphis, Estados Unidos, também colabora com o projeto. Além do atendimento à distância, os responsáveis pelo projeto nas duas instituições ? vinculadas à Universidade de São Paulo (USP) ? criaram esta semana um site na Internet, que deverá tornar-se uma referência no tratamento de câncer infantil. O site, acessível só para médicos autorizados, deverá tornar-se um registro nacional de tumores e de protocolos (receitas) de tratamento. Por enquanto, só há informações sobre o neuroblastoma, o câncer mais agressivo, mas outros serão agregados com o tempo. Adilson Hira acredita que, com apoio, esse serviço poderia ser ampliado até para outras doenças.

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