Telefonemas podem ligar Jader a fraudador da Sudam

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Por Agencia Estado
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Investigadores do Ministério Publico Federal e Polícia Federal descobriram cerca de 240 telefonemas que podem comprovar a ligação do presidente licenciado do Senado Jader Barbalho (PMDB-PA), com o empresário José Osmar Borges, acusado de ser um dos maiores fraudadores de projetos da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Borges também foi sócio da mulher de Jader, Márcia Cristina Zaluth Centeno, da Fazenda Campo Maior, depois incorporada ao patrimônio do senador. Os documentos fazem parte do processo que o governo federal está movendo contra Osmar Borges, acusado de ser o responsável pelo desvio de R$ 230 milhões da Sudam, por meio de financiamentos dos empreendimentos Pyramid Agropastoril, Agropecuária Santa Júlia, Moinho Santo Antônio, Saint Germany Agroindustrial, Royal Etiquetas, Pyramid confecções e Superfrigo. Todos eles, segundo relatórios da Secretaria Federal de Controle, tinham fortes indícios de fraudes. Segundo os investigadores, a maior parte dos telefones são de Cuiabá, onde Osmar Borges mora, para Brasília e Belém, locais de o presidente licenciado do Senado possui residências e escritórios políticos. Toda a documentação está passando por um rigoroso rastreamento pela Polícia Federal, que busca indícios de envolvimento de outras pessoas com Jader e o empresário. Na relação de telefones levantada pelas autoridades constam pelo menos 40 ligações entre Osmar Borges e a consultora Maria Auxiliadora Barra Martins, responsável pela elaboração da maior parte dos projetos financiados pela Sudam no últimos quatro anos. De cerca de 240 empreendimentos que receberam recursos de 1996 a 2000, perto de 170 foram feitos pela consultora. "Ela é uma das peças chave de todo o esquema de fraudes na Sudam", afirma um dos investigadores, que está trabalhando no caso há cinco meses. Maria Auxiliadora chegou a ficar presa durante cinco dias, em abril deste ano, mas foi libertada por força de habeas- corpus concedido pelo Tribunal Regional Federal (TRF). A Advogacia Geral da União (AGU) conseguiu bloqueio de seus bens que incluem várias fazendas e aviões. Já Osmar Borges esteve preso durante quatro dias, mas também foi liberado. Ele é considerado um dos principais envolvidos nas fraudes da Sudam. Hoje ele responde à inquéritos pelas irregularidades, mas continua livre, morando em Mato Grosso, onde estão seus empreendimentos. As ligações entre Osmar Borges e Jader podem desmontar uma antiga afirmação do presidente licenciado do Senado. Em várias declarações, o senador negou que tivesse relações com o empresário. Depois de comprovada que Borges foi sócio de sua mulher Márcia Cristina, Jader admitiu que o empresário lhe telefonou, pouco depois de ser eleito presidente do Congresso. A intenção era parabenizá-lo. No rastreamento, os investigadores também podem chegar a outro rumo nas investigações: a ligação do senador com Maria Auxiliadora. Até agora, o único indício existente de relacionamento é uma casa que anteriormente pertencia ao senador e hoje é ocupado pelo escritório da consultora. Nos últimos dias a PF e o Ministério Público Federal conseguiram revelações importantes nas investigações das fraudes da Sudam. A primeira foi declarações de empreendedores que confessaram que davam até 10% dos financiamentos para Maria Auxiliadora. Outra é a provável presença de políticos no esquema, uma suspeita da PF que nunca chegou a ser confirmada. Até agora, só em Altamira, um dos redutos eleitorais de Jader, a PF abriu 31 inquéritos e indiciou 10 pessoas, além de ter prendido duas e está à procura de outra, todas por suspeita de envolvimento. Em 48 projetos existentes na região da Transamazônica, foram aplicados R$ 231 milhões.

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