Teixeira nega intervenção de Dilma na venda da VarigLog

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Por FABIO GRANER E ISABEL SOBRAL
Atualização:

O advogado Roberto Teixeira disse hoje, ao ser questionado sobre a suposta participação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, na venda da VarigLog, que não houve interferência. "Jamais. Comigo ou por interferência minha ela teve qualquer contato", afirmou em entrevista coletiva, declarando ainda que não é amigo de Dilma e tem um distanciamento normal, um relacionamento puramente formal. Já em relação ao presidente Lula, Teixeira disse que ele tem de "cuidar do Brasil e não vai interferir em relações puramente comerciais". Em relação à foto em que ele aparece no Palácio do Planalto acompanhando os donos da Gol, que adquiriram a Varig, Roberto Teixeira explicou que a reunião com o presidente Lula ocorreu porque o caso Varig foi o primeiro de "sucesso" de aplicação da nova lei de falências. "Ao término dessa solução, foi normal que isso fosse apresentado ao presidente", disse Teixeira, acrescentando que não foi ele quem agendou a audiência e sim o presidente da Gol, Constantino Júnior. Ele lembrou ainda que, no evento, a imprensa teve autorização para fazer imagens. Teixeira criticou ainda o não comparecimento dos três sócios da VarigLog na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. "É uma surpresa que os acusadores aqui não estejam. A desculpa apresentada é deslavada, é risível", disse Teixeira, explicando que a audiência judicial que serviu de justificativa para os sócios não comparecerem ao Senado não exigia, por ser um agravo de instrumento, a presença deles. "Não vou entrar no mérito, mas acho que quem acusa teria de ter disposição de estar à disposição, de manter e sustentar", afirmou. Teixeira disse que compareceu à comissão com "algum sacrifício pessoal", porque tem problemas cardíacos e teve a recomendação médica para não comparecer. "Mas não podia deixar de responder questões que estavam pendentes e explicitar as questões que envolvem a VarigLog e questões que envolvem a Varig", diz Teixeira. O depoimento de Teixeira na comissão foi adiado. O advogado voltou a negar que recebeu US$ 5 milhões do empresário Marco Antonio Audi, e disse que o escritório recebeu apenas algo em torno entre US$ 300 mil a US$ 350 mil. Destacou ainda que o valor não era só para ele, pessoalmente, mas para toda a equipe de trabalho que recebia, individualmente, conforme as horas de trabalho. Ele afirmou que Audi tem mudado as versões sobre o pagamento. "A cada instante, os argumentos mudam, porque não correspondem à verdade", afirmou. Teixeira disse que a contratação de seu escritório compôs um pool de outros escritórios de advocacia, e não foi feita para aprovar a venda da VarigLog, que já estava aprovada pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), mas sim para intervir no processo de recuperação judicial "onde teríamos de buscar sucesso para os clientes na aquisição da unidade produtiva Varig". Roberto Teixeira disse que todos os procedimentos no processo foram "judiciais". "Nunca fizemos, em qualquer momento, por desnecessário e porque não nos prestaríamos a isso, esse tipo de ingerência", afirmou. "Nós defendemos o interesse dos clientes com altivez, por meio da Justiça, atuando quando tínhamos de atuar. Exercemos nossa nobre profissão de advogado na defesa dos interesses dos clientes", afirmou.

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