Técnicos da Unicamp investigam falha no painel da Câmara

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma equipe de técnicos da Unicamp começará, nesta sexta-feira, a examinar o painel eletrônico da Câmara, que travou durante a votação do projeto que muda a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), nesta quarta-feira à noite. Os técnicos são os mesmos que analisaram o painel do Senado, no início do ano, e concluíram que o sistema era totalmente vulnerável. Mas, no Senado, a sessão que motivou as investigações era secreta. A da Câmara era aberta e, em caso de problema, qualquer um dos votantes poderia contestar o resultado do painel. As suspeitas de que houve sabotagem no painel persistiam nesta quinta, apesar das explicações dos técnicos que cuidam do sistema, de que a pane ocorreu porque foi ativado um sistema de segurança. Durante todo o dia circularam informações de que existiria até uma lista com a relação dos votantes. E, pelas informações dos técnicos, a relação pode ser conseguida, porque todos os dados foram recuperados. Mas o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), mandou dizer que não a divulgará, para não criar mais tumulto. Conforme as explicações dos técnicos da Montreal, empresa que cuida do painel, houve uma superposição de dados, e o computador central, por razões de segurança, travou o sistema. Aécio Neves disse que confia nas informações técnicas, mas pediu socorro à Unicamp por uma questão de segurança e para dar uma satisfação à sociedade. "Pelo que fui informado, ocorreu um problema técnico e um erro, pois não foi zerada a última votação." De acordo com as explicações dos técnicos, na terça-feira o painel foi aberto duas vezes, registrando as sessões número 247 e 248. Neste dia, fez-se a transferência da lista de presença da sessão 247 para a 248. Como essa funcionalidade não está prevista, o sistema registrou essa operação como se fosse a abertura da sessão de número 249. Na quarta-feira, a Secretaria-Geral da Mesa solicitou a retificação dos dados para que permanecesse no sistema apenas a sessão de número 248, e assim fosse mantida a ordem seqüencial das sessões. Mas os dados foram então transferidos por procedimento especial e não automático. Com isso, a sessão 249 acabou ficando na memória do sistema. No mesmo dia, foi aberta a sessão com o número 250 e autorizado o início da votação. Mas, após uma questão de ordem, a votação pelo painel foi cancelada. O sistema então indicou uma mensagem de erro. Mas este erro não pôde ser apurado durante a sessão porque, neste momento, por questão de segurança, é impossível acessar o sistema. Em seguida, o painel foi de novo aberto para a votação da CLT. Mas o sistema detectou a inconsistência no número interno seqüencial das sessões. O sistema então bloqueou o procedimento para o encerramento da votação que decidiria se a CLT poderia ou não ser alterada. Enquanto os técnicos procuravam a causa da inconsistência, Aécio Neves mandou fechar o painel e ordenou a votação nominal. O painel eletrônico da Câmara é um dos mais modernos do mundo, segundo os técnicos. Foi inaugurado em 1998 e nunca havia falhado. Custou R$ 1,3 milhão. Pode ser utilizado como vídeo para a transmissão de qualquer programa. Para a votação, primeiro faz a leitura da impressão digital do parlamentar. Só depois autoriza o voto. É um dispositivo criado para evitar que um deputado possa votar por outro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.