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TCU inicia 'apuração preliminar' sobre suspeita de tráfico de influência

Tiago Cedraz, filho de presidente da Corte de Contas, foi citado por delator da Lava Jato Ricardo Pessoa, dono da UTC, e seu escritório foi alvo de buscas da Polícia Federal na Operação Politeia

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Foto do author André Borges
Por André Borges
Atualização:

Brasília - O Tribunal de Contas da União (TCU) anunciou uma "apuração administrativa preliminar" sobre suspeitas de tráfico de influência envolvendo o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente da corte, Aroldo Cedraz. Na semana passada, o escritório de Tiago foi alvo da Operação Politeia, da Polícia Federal, que investiga o envolvimento de autoridades com prerrogativa de foro no esquema de corrupção da Petrobras e outros órgãos públicos.

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Em depoimento, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, um dos delatores da Operação Lava Jato, disse ter negociado pagamento de R$ 1 milhão com o advogado para que um caso de seu interesse, que envolvia obras na usina de Angra 3, fluísse. Pessoa afirmou ainda que fazia pagamentos mensais de R$ 50 mil ao filho de Aroldo Cedraz para obter informações de seu interesse no tribunal.

Processo na corte que discutia irregularidades na licitação da obra da usina tramitou sob relatoria do ministro Raimundo Carreiro. Em 2012, seguindo voto dele e contrariando a área técnica, a corte liberou a concorrência. No ano passado, consórcio integrado pela UTC assinou o contrato para obras na usina.

O advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz Foto: Reprodução

A Politeia corre no Supremo Tribunal Federal por envolver suspeitas sobre autoridades com foro privilegiado, como é o caso de ministros do TCU. Carreiro nega irregularidades e diz ter atuado com rigor técnico no caso. Tiago sustenta que foi sondado por Pessoa, mas não atuou para a empreiteira na corte. Ele avisa ainda que processará o empreiteiro.

A investigação no TCU foi anunciada após pressão de entidades que representam auditores e procuradores da corte. Por meio de nota, o tribunal informou que iniciou uma "apuração administrativa preliminar" para investigar o caso. Paralelamente, declarou, já há uma solicitação da Câmara dos Deputados que requer informações sobre a apuração das denúncias no tribunal.

Nesta quinta-feira, mais uma associação pediu publicamente que o tribunal tome medidas imediatas para investigar o caso. "Os auditores do TCU têm manifestado e demonstrado grande desconforto e inquietação com a situação ora vivida", declarou a União dos Auditores Federais de Controle Externo (Auditar), pedindo instauração de uma investigação interna para apurar as denúncias. Outras quatro entidades do setor já tinham se manifestado pela apuração interna das acusações.

Como revelou o Estado, Tiago, de 33 anos, fez fortuna com a banca que atua no TCU. O escritório também tem causas em outros tribunais. Reportagem publicada pelo jornal "Valor Econômico" nesta quinta-feira revelou que a hidrelétrica binacional Itaipu contratou os serviços de Tiago para defendê-lo no Supremo Tribunal Federal. O advogado tenta convencer o STF de que a empresa, por ser binacional, não teria que seguir a Lei de Licitações, o que a livraria de ter que se submeter ao crivo do TCU.

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O tribunal, que deliberou sobre o assunto em abril deste ano, após quatro anos de paralisação no processo, concluiu que a usina tem que se basear na lei brasileira de contratações e ser fiscalizada pelo tribunal. 

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