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TCE manda investigar contrato em Resende

Objetivo é apurar a suposta irregularidade em licitação que beneficiou empresa sob suspeita

Foto do author Marcelo Godoy
Por , Eduardo Reina e Marcelo Godoy
Atualização:

O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio, conselheiro José Maurício Nolasco, determinou ontem a realização de inspeção para apurar a suposta irregularidade no contrato entre a empresa Velox Produtos de Saúde e Gestão Hospitalar Ltda. com a Prefeitura de Resende. A Velox, segundo relatório da inteligência da Polícia Civil de São Paulo, foi contratada para driblar a oposição na cidade à Home Care Medical. No entanto, a Velox é empresa administrada pelos sócios da Home Care. A tática de várias empresas participarem de uma mesma licitação seria uma das formas usadas pela máfia dos parasitas para, independentemente de quais sejam as contempladas, a administração sempre ficar com a Home Care. Segundo o TCE do Rio, não houve aprovação pelo tribunal do contrato entre a Velox e a Prefeitura de Resende, mas só do edital de licitação. Além de verificar a "legalidade no julgamento e resultado da licitação", o tribunal vai analisar "a execução do contrato". Procurada pelo Estado, a prefeitura da cidade se limitou a confirmar a existência do contrato. Ainda ontem, o juiz Vinícius Toledo Piza Peluso determinou a prorrogação por mais cinco dias das prisões temporárias dos cinco empresários detidos pela Unidade de Inteligência do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) durante a operação. "Não tivemos até agora acesso aos autos, assim como nos foi vedado até o acesso à decisão que nos negou o acesso, o que impossibilita a defesa de recorrer", afirmou o advogado Roberto Podval, que defende os empresários Renato Pereira Junior e Marcos Agostinho Paioli, sócios da empresa Home Care. Segundo ele, a manutenção da prisão dos dois era injustificada, pois o primeiro prazo de cinco dias passou sem que a polícia os tivesse ouvido. Outra forma de fraude que a máfia supostamente praticaria seria o fornecimento de editais de licitação prontos para as prefeituras. Assim teria ocorrido, segundo a polícia, na Prefeitura de Peruíbe (SP). A administração da cidade, no entanto, sustenta que as empresas suspeitas de preparar o edital para a compra de remédios "nunca fizeram parte do cadastro de fornecedores". "A prefeitura nunca comprou medicamentos das empresas. A administração tem se pautado por um trabalho sério, ético e com respeito ao dinheiro público." O processo para a compra de medicamentos na cidade deve ser aberto no próximo mês. SÃO BERNARDO Cinco dias depois da deflagração da Operação Parasitas, o prefeito de São Bernardo do Campo, Willian Dib (PSB), resolveu trocar o secretário da saúde. Walter Cordoni (PSB) deixou o cargo anteontem. A prefeitura nega qualquer relação entre a operação e a troca. São Bernardo é uma das cidades em que a empresa Home Care Medical mantém contrato de gestão da saúde. O contrato na cidade foi firmado com a Fundação ABC, que tem acordos para gerenciar unidades médicas do município. A prefeitura informou que abriu sindicância para apurar o caso. Divergências políticas com o prefeito estariam por trás da mudança. Cordoni seria ligado ao ex-prefeito Maurício Soares (PSB), que apoiou a candidatura vitoriosa de Luiz Marinho (PT), adversário de Dib, à prefeitura.

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