Tasso Jereissati 'já é candidato' à presidência do PSDB, diz aliado

Atual presidente interino do PSDB deve formalizar candidatura após reunião com toda a bancada; cearense defende que tucanos desembarquem do governo Temer

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Por Julia Lindner
Atualização:
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) durante pronunciamento na tribuna do Senado. Foto: Nilton Fukuda/Estadão

BRASÍLIA - Sem acordo, a reunião do PSDB que serviria para formalizar a candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) à presidência do PSDB, marcada para esta terça-feira, 7, foi cancelada. O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), afirmou ao Broadcast Político que, independentemente do encontro, Jereissati "já é candidato" e "agora só precisa começar a campanha".

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Inicialmente, a ideia dos aliados de Jereissati era oficializar a candidatura durante uma reunião com 24 deputados tucanos que defendem o desembarque do governo, esta noite, com a presença do governador Marconi Perillo (GO), adversário de Jereissati na disputa, na sede do partido, em Brasília. O plano mudou após Perillo exigir a presença de todos os integrantes da bancada no encontro.

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Faltando pouco mais de um mês para a convenção nacional do PSDB, Tripoli disse que o grupo de Jereissati vai buscar um acordo em torno de uma candidatura única para o comando da sigla. O argumento para tentar convencer Perillo a desistir é que o cearense já contaria com 24 dos 46 votos da bancada do partido na Câmara dos Deputados.

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Já o time de Perillo deve tentar movimento semelhante, mas com a justificativa de que o senador tem de concorrer ao governo do Ceará para garantir palanque à candidatura de Geraldo Alckmin ao Planalto. Aliados de Jereissati afirmam que ele já descartou essa possibilidade.

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Na semana passada, Perillo esteve reunido com Jereissati para formalizar a sua candidatura. Na ocasião, o governador de Goiás surpreendeu ao declarar que "seria natural" o desembarque do governo no final deste ano, quando considera que os ministros tucanos devem deixar a gestão Temer para focar na eleição de 2018. O discurso de Perillo, no entanto, não teria convencido os chamados "cabeças pretas", que permanecem em defesa da candidatura de Jereissati.

Hoje, o governador de Goiás cumpre agenda em Brasília. Na tarde desta terça, ele participa de reunião com governadores na residência oficial de Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal, para tratar de assuntos como segurança pública e depósitos judiciais para pagamento de precatórios. Depois, ele reservou o período da tarde para conversar com parlamentares em busca de apoio para sua campanha.

Reunião. Ontem, Perillo chegou a confirmar a sua participação no encontro com Jereissati e deputados da ala pró-desembarque, porém recuou algumas horas depois e passou a exigir a presença da ala favorável ao presidente Michel Temer na reunião. Na noite desta segunda-feira, 6, ele se reuniu justamente com esta parte da bancada, que é contra a candidatura de Jereissati.

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O senador cearense queria que os deputados favoráveis a ele formalizassem a sua candidatura para passar a imagem de que ele disputará por causa da pressão dos parlamentares, e não por vontade própria, já que vinha negando reiteradamente a sua candidatura após assumir a presidência interina da legenda no lugar do senador Aécio Neves (MG). A presença de seus adversários, no entanto, poderia tumultuar a reunião.

Segundo aliados de Jereissati, o artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, publicado no último domingo, 5, em que defende o rompimento com o governo do presidente Michel Temer, deu "força" para o discurso do senador cearense de que o partido precisa desembarcar até o final do ano e reconhecer erros cometidos por tucanos.