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Tarso quer controle maior contra abusos

Idéia não é enfraquecer corporação, mas aumentar eficiência, explica

Por Vannildo Mendes e Brasília
Atualização:

Acuado por denúncias de que o Brasil vive um estado policial, o ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu ontem o controle de abusos nas operações da Polícia Federal. Segundo o ministro, por mais bem-sucedida que seja uma operação, nada justifica desvios de conduta, "porque aí a investigação corre o risco de perder o mérito". "Nada justifica desvio de conduta, nem relação de ilegalidades, por mais correta que seja uma operação." Tarso não citou casos específicos, mas a Operação Satiagraha está sendo refeita por conta de irregularidades atribuídas ao delegado Protógenes Queiroz, afastado do caso. Discursando em solenidade no ministério, Tarso disse que os controles internos "estão sendo aprofundados", não para enfraquecer a PF, mas para tornar sua atuação mais eficientes no combate à corrupção e ao crime organizado e qualificar a produção de provas, livre de vícios. O objetivo, observou, é dar solidez aos inquéritos e efetuar prisões que sejam mantidas pela robustez das provas e não revogadas, como no passado. Tarso negou, todavia, que esteja havendo descontrole na instituição e disse que estão sendo aprimorados tanto o controle interno, por meio da corregedoria, como o externo, em torno das ações de combate ao crime organizado, ao tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e crimes econômicos. E avisou aos grupos que esperam se beneficiar de rachas na instituição. "A PF continuará trabalhando para fora, com investigações muito fortes, de grande repercussão", disse ele. O ministro disse que não hesitará em cortar na carne na hora de combater excessos no órgão. "É só ver a contabilidade de policiais presos por suspeita de estarem articulados com o crime organizado", observou. Dados da PF indicam que mais de 60 policiais foram presos ou respondem a procedimento administrativo, sob a acusação de colaborarem com quadrilhas. "Essa é uma preocupação da corregedoria e continuará sendo." O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, afirmou que Protógenes é "um servidor a mais" na instituição e será punido exemplarmente se as investigações comandadas pela corregedoria comprovarem que ele cometeu irregularidades à frente da Satiagraha. "Não personalizamos a gestão da polícia ou as operações", disse ele. "Isso (a PF) não é patrimônio de ninguém, é o Estado brasileiro reagindo ao crime."

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