Tarso oferece vaga de vice na chapa de Lula ao PMDB

O presidente do PMDB disse que ainda não pode ser descartada a hipótese de o partido enfrentar Lula na eleição presidencial

Por Agencia Estado
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O Palácio do Planalto fez nesta quarta-feira seu mais forte movimento na tentativa de fechar uma aliança eleitoral com o PMDB em favor da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nome do governo, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, encontrou-se com o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), e ofereceu ao partido a vaga de vice na chapa de Lula. Propôs ainda que, em caso de reeleição, o PMDB participe de uma "coalizão de governo" ao lado do PT e passe a comandar uma "parcela integral" da máquina pública federal. A proposta foi apresentada durante café da manhã no apartamento de Temer. Rompido com o Planalto desde o ano passado, quando o governo deu um segundo ministério ao PMDB sem ter fechado um acordo prévio com a cúpula do partido, Temer parece ter gostado do encontro: "A conversa foi institucional, respeitosa e competente." Mesmo assim, o deputado disse que ainda não pode ser descartada a hipótese de o partido enfrentar Lula na eleição presidencial: "A candidatura própria cresceu muito e tem o meu apoio." Temer foi procurado inicialmente pelo deputado Delfim Netto (PMDB-SP), que vem atuando como uma espécie de conselheiro informal do presidente Lula. Na última segunda-feira, Delfim telefonou a Temer para saber de sua disposição de receber Tarso. A convite do anfitrião, o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ) também compareceu ao café. "O ministro Tarso tem uma linguagem apropriada e a conversa foi boa. Mas nada se esgota ou se resolve em uma primeira conversa", resumiu Moreira. Durante a conversa, Temer frisou que também está conversando com o PFL e o PSDB. Tarso respondeu: "Estamos sabendo disso. Apenas queremos estabelecer esta ponte de forma muito sólida." Os peemedebistas, por sua vez, abriram a possibilidade de a negociação com o PT prosseguir, quando avaliaram que o pior cenário é o PMDB ficar solto, sem candidato algum. Tanto Temer quanto Moreira afirmaram que não interessa repetir a "péssima experiência" de 1998, quando o partido não lançou candidato nem se aliou oficialmente com o PSDB para reeleger Fernando Henrique Cardoso. Com isto, os peemedebistas ficaram sem discurso e o partido teve seu tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão distribuído igualitariamente entre todos os candidatos. Tarso aproveitou, então, para lembrar as declarações de Lula em favor da aliança, enfatizando que quer e precisa do PMDB. Se o acordo não for fechado antes de outubro, a disposição é para um acerto no segundo turno. "O presidente sabe que, sem o PMDB, fica difícil governar", insistiu o ministro, ao admitir o erro político cometido pelo Planalto quando decidiu não fechar uma aliança com o partido no início da administração Lula.

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