Tarso diz que governo não intervém na sucessão da Câmara

Ministro acredita que reunião do PMDB nesta terça deve influenciar demais partidos

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar da divisão na base aliada, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse nesta terça-feira que o Planalto não vai indicar sua preferência entre os candidatos à presidência da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP). "O governo não pode, não deve e não escolherá um dos candidatos, pois, além de ser uma questão interna do Legislativo, ambos os quadros políticos merecem a confiança do governo", disse o ministro em nota. Tarso comandou na noite da última segunda-feira uma reunião secreta com presidentes e líderes de 11 partidos da base, na qual ficou caracterizado um impasse. Os líderes pediram, mas não receberam uma orientação do Planalto. "Os partidos demonstram preferências, mas informaram que as bases estão divididas", acrescentou o ministro em entrevista depois de divulgar a nota sobre o encontro. Ainda na entrevista, Tarso disse que a reunião confirmou que "ainda é cedo" para uma definição entre os dois candidatos, embora faltem apenas três semanas para as eleições na Câmara, marcadas para 1º de fevereiro. Reunião do PMDB Para Tarso, a reunião da bancada do PMDB nesta terça-feira para definir o apoio da legenda entre os candidatos à presidência da Câmara deve influenciar os demais partidos. O ministro relatou que o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), lhe disse "de maneira clara" que o PMDB não apresentará um terceiro nome para a disputa, como sugerem parlamentares descontentes com as opções Aldo e Chinaglia. Tarso não quis confirmar nem desmentir o placar de 70% de preferência pelo nome do candidato Chinaglia, no levantamento apresentado na reunião com os presidentes dos partidos. "Eu não vou desmentir nem confirmar essa assertiva, porque ela vem de presidentes de partidos", disse. O ministro disse ainda que ficará atento à reunião da bancada do PMDB, que deve contar com 84 dos 90 deputados que farão parte da nova legislatura, e também aos presidentes do PT e do PCdoB, aos quais pediu que discutissem a possibilidade de um acordo entre os candidatos. Duas candidaturas Ele insistiu na avaliação de que a existência de duas candidaturas da base aliada não constitui um problema para o governo. "O problema poderá ocorrer se surgir uma terceira candidatura com capacidade de polarizar, que possa dividir os votos da base aliada em um eventual segundo turno na eleição da Câmara", avalia o ministro. O pequeno PSC participou pela primeira vez de um encontro da coalizão, que já contava com dez partidos: PSB, PCdoB, PMDB, PP, PR, PV, PT, PDT, PTB e PRB. ´Síndrome Severino´ Tarso afirmou que o governo não quer ser atingido novamente pelo que chamou de "síndrome Severino", numa referência ao ex-deputado Severino Cavalcanti, ex-líder do baixo clero, que surpreendeu o governo, em 2005, ao vencer a disputa pelo comando da Câmara. "A questão prioritária da coalizão é eleger o presidente (da Câmara). Se tiver um terceiro candidato, pode ocorrer a síndrome Severino", disse. Ele ponderou que não estava fazendo ataque pessoal a Severino. "Estou apenas dizendo que a forma com que ele foi eleito determinou uma profunda instabilidade interna na instituição e na relação do Executivo com o Legislativo". Chinaglia e Dirceu Tarso disse também que a candidatura de Chinaglia não representa a influência do ex-ministro José Dirceu, como apontou na última segunda-feira o deputado Raul Jungmann (PPS-PE). "Não há nenhuma relação do Chinaglia com qualquer facção específica do partido. Tanto é verdade que a indicação do Arlindo foi feita numa reunião do partido e por unanimidade", disse. Para o ministro, o ideal seria que o candidato à Câmara já estivesse definido, o que para ele pode ocorrer no final de semana, ou em plenário. "Não temos ilusão de que a coalizão estará sempre junta, que votará 100%, de maneira integrada. Agora, temos condições politicamente para preparar a coalizão para chegar dia 22 (prazo dado pelo presidente para definição da candidatura única)e dizer que ela tem um programa mínimo de apoio ao governo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.