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Tarso aposta em lista para abrir reforma política

Ministro pede pressa para aprovação, já que no 2.º semestre ?começa a esquentar o ambiente eleitoral?

Por Elder Ogliari
Atualização:

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que acredita que a retomada do debate sobre a reforma política no Congresso abre a perspectiva da votação, ainda neste ano, de duas matérias fundamentais: o financiamento público de campanha e o voto em lista fechada. "Não estou dizendo que as possibilidades são muito boas, mas, pela primeira vez, há uma razoável possibilidade de aprovação do início de uma profunda reforma", avaliou o ministro, após participar de um seminário que debateu o tema na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A perspectiva traçada por Tarso está baseada em relatos de congressistas que indicam que há um grupo de 250 a 300 deputados dispostos a votar as matérias nos próximos meses. "Se conseguirmos (aprovar) esses dois temas acho que ganharemos uns oito anos", afirmou. "Seria a primeira grande mudança política que o Brasil proporcionaria para o próximo período, e um legado altamente positivo para as próximas gerações." Em meio aos comentários, Tarso advertiu que há alguma pressa para resolver o assunto. "Se não for aprovado no primeiro semestre, dificilmente será depois, porque no segundo semestre começa a esquentar o ambiente eleitoral." Na palestra para os cerca de 150 participantes do seminário sobre a reforma, Tarso defendeu a adoção imediata do que é possível, especificamente o voto em lista fechada e o financiamento público de campanha. Para defender o voto em lista, o ministro chegou a dizer que "a situação do presidencialismo de coalizão incentiva um mercado partidário que se move em torno do poder", numa referência às negociações que, nas condições atuais, qualquer administrador tem de fazer para manter sua base articulada. "A formação de maioria se dá por interesses regionais", observou. "Precisamos transitar para as coalizões políticas, programáticas e ideológicas." Tarso também se mostrou favorável ao financiamento público das campanhas, afirmando que ele custaria menos ao Estado do que o modelo atual. "É sabido que determinadas empresas colocam adicional de preços nas licitações porque depois terão de financiar campanhas eleitorais seja legalmente, seja pelo caixa dois, como está sendo demonstrado pelos tribunais eleitorais", comparou, referindo-se à transferência de dinheiro público que ocorre com essa prática. O ministro sustentou, ainda, que o financiamento público para os partidos e candidatos "barateia a campanha, permite rigoroso controle do tribunal e reduz despesas públicas".

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