Tarso admite que País vive ''síndrome do grampo''

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Por João Domingos e BRASÍLIA
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O ministro da Justiça, Tarso Genro, admitiu ontem que o País vive uma "síndrome do grampo". Para Tarso, a fragilidade na legislação sobre as escutas telefônicas em investigações deixa os cidadãos inseguros. "Eu mesmo, quando vou falar ao telefone, sempre verifico se o que estou dizendo é algo banal que pode ser falado sem maiores problemas ou se é melhor me prevenir", afirmou o ministro da Justiça. Em audiência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o ministro pregou regras mais rígidas para os grampos, especialmente para a venda e comercialização dos produtos. Ele defendeu a aprovação de uma lei que obrigue o registro no Ministério da Justiça de todos os aparelhos que possam fazer espionagem, como já se faz hoje com as armas. E punição mais severa para quem fizer grampos ilegais. Tarso disse que há quatro tipos de grampo: os feitos por indivíduos, para chantagem política ou econômica, ilegais; os contratados por empresas, para espionagem industrial; os feitos ilegalmente por agentes públicos, sejam policiais dos Estados ou federais, e os feitos legalmente, com autorização judicial, como determina a lei. O ministro afirmou que os grampos correspondem a 3% dos expedientes investigatórios usados pela Polícia Federal. ESPIONAGEM "Temos consciência da síndrome do grampo no País", disse Tarso, ao responder ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que o indagou se tinha consciência de que hoje o cidadão brasileiro é vítima de todo tipo de espionagem. "Tenho consciência de que há hoje uma síndrome de que todos estão grampeados. Ela é justificável tendo em vista que não há regras para compra de equipamentos. Então, teoricamente qualquer um pode comprar." O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, que também participou da reunião no Senado, disse aos parlamentares que geralmente as suspeitas sobre grampos recaem sobre a PF. Isso, para ele, é um exagero. "Sempre quando há invasão de privacidade se voltam para os agentes da lei como os vilões. Não produzimos espionagem, produzimos provas. Eu, inclusive, defendo um maior controle, porque quem trabalha dentro da lei não tem medo de controle", argumentou.

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