O ministro demissionário do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Alcides Tápias, afirmou hoje, durante discurso de transmissão de cargo para o secretário-executivo do Ministério, Benjamin Sicsu, que a reforma tributária "virá de qualquer maneira de forma organizada, ou forçada pelas circunstâncias". Ele disse que comportou-se durante os 22 meses à frente da pasta como ele próprio se descreveu em seu discurso de posse: um guerrilheiro pela reestruturação do sistema de impostos. "Quando assumi, propus-me a batalhar pela reforma tributária e, de fato, esta foi a minha luta mais árdua", disse. Segundo Tápias, assim como fazem os guerrilheiros, "procurando o máximo de discrição possível", ele agiu todo o tempo na luta pela reforma tributária sob o comando do "general", o presidente Fernando Henrique Cardoso. O ministro reconheceu que faltaram condições técnicas e políticas para a reforma tributária, ressaltando, porém, que esta não é uma culpa que possa ser atribuída ao governo ou a Congresso. "É culpa de todos nós, membros do governo, políticos e empresários que não percebemos que essa reforma virá de qualquer maneira de forma organizada, ou forçada pelas circunstâncias", disse. Tápias salientou que se a reforma não for feita voluntariamente, o País será levado a ela pela "inexorável" globalização dos mercados. O ministro citou, como exemplo, os acordos internacionais que o Brasil firmou ou está negociando como a consolidação do Mercosul, a possível criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), e a próxima rodada de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). "Esta é a realidade para a qual caminhamos quer alguns queiram ou não. Uma nova visão dos tributos terá que acontecer. Não sairão vencedores os que tentarem impedir os avanços neste sentido", ressaltou.