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SUPREMO EM PAUTA: Tragédia republicana

É impossível deixar de notar que se perdeu o ministro que conduziu de maneira competente a relatoria da Operação Lava Jato no Supremo

Por Rubens Glezer
Atualização:

O falecimento do ministro Teori Zavascki constitui uma tragédia pessoal e política. É impossível deixar de notar que se perdeu o ministro que conduziu de maneira competente a relatoria da Operação Lava Jato no Supremo. O debate sobre a substituição dessa função colocará os Poderes em rota de colisão direta.

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Não há solução clara para esse caso. Ordinariamente, há uma solução simples, os processos ficam suspensos até que um novo ministro ingresse no tribunal e assuma todos os processos de seu antecessor. Novos ministros são indicados pela Presidência da República e aprovados pelo Senado. Porém, a Lava Jato não é um caso ordinário. 

O próprio regimento interno prevê que em casos de urgência, a relatoria poderia ser designada para outro membro atual do Tribunal. Nessa opção, haveria dúvida se o processo seria remetido diretamente para determinados ministros ou se haveria um novo sorteio. 

A decisão entre essas opções caberá à presidente do STF, a ministra Cármen Lúcia, que poderá declarar a urgência da situação e designar o novo relator ou esperar pela substituição do cargo. Conectar a relatoria da Lava Jato a um novo ministro é de interesse do Legislativo, ou pelo menos do amplo número de parlamentares implicados na investigação. Como consequência, a indicação passa a ser de interesse da Presidência da República, que além de emplacar um ministro de seu governo, terá ampla margem de negociação com o Legislativo. 

Porém, a indicação de um ministro subjuga o STF aos interesses políticos, aumenta sua suscetibilidade a um possível aparelhamento e diminui sua reputação com a população. Talvez 2017 reserve ainda mais tragédias políticas. *É PROFESSOR E COORDENADOR DO SUPREMO EM PAUTA DA FGV DIREITO SP

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