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Ministros do STF decidem analisar validade de delação de Youssef

Em votação apertada e sem discutir mérito, Corte admite a análise de habeas corpus que questiona homologação de acordo de doleiro

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Atualizado às 22h47

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BRASÍLIA – O plenário do Supremo Tribunal Federal retoma nesta quinta-feira, 27, um julgamento que questiona a validade da delação do doleiro Alberto Youssef homologada pelo relator da Operação Lava Jato na Corte, ministro Teori Zavascki. A sessão decorre do pedido de habeas corpus negado pelo STF ao empreiteiro Erton Medeiros Fonseca, da Galvão Engenharia.

A defesa do executivo questiona o conteúdo da colaboração de Youssef referente ao empresário. Após ser rejeitado em maio, o pedido de habeas corpus foi levado ao plenário após recurso apresentado pela defesa do executivo.

Nesta quarta, por maioria, a Corte reconheceu que cabe a análise do pedido apresentado pela defesa de Fonseca. Porém, os ministros ainda terão de discutir o mérito da ação, ou seja, se a homologação do acordo tem validade. O julgamento foi suspenso e, segundo o presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, deverá ser retomado na sessão de hoje.

Alberto Youssef depôs em Curitiba sobre suspeitas de pagamentos de propinas a fiscais do Estado de São Paulo. Foto: FÉLIX R. /FUTURA PRESS

O habeas corpus foi admitido por empate, com cinco ministros votando pela admissibilidade e outros cinco com entendimento contrário. No caso de empate em matéria penal, prevalece sempre a decisão que favorece o réu. 

A discussão ocorrida ontem se deu apenas sobre se o colegiado do STF pode admitir um pedido de habeas corpus quando se trata de questionamento de decisão tomada individualmente por um ministro da Corte.

Precedente. De acordo com Toffoli, a decisão de ontem modifica o precedente do Supremo. “O meu voto foi por conhecer da possibilidade do habeas corpus ser apresentado contra atos de ministro do Supremo. A jurisprudência até agora estava no sentido de que habeas corpus contra ministro do Supremo não era conhecido”, disse.

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Votaram pela admissão do habeas corpus os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Lewandowski. Já Luiz Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Luiz Fux votaram pela rejeição. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, não participa do julgamento já que a ação questiona uma decisão sua. O advogado José Luís de Oliveira Lima, que representa o executivo, disse ontem durante o julgamento que “o Ministério Público induziu a erro o ministro Teori Zavascki (relator da Lava Jato no STF)”. 

Representando a Procuradoria, a vice-procuradora-geral Ela Wiecko rejeitou a argumentação do advogado e afirmou que, num acordo, o que interessa é a “confiabilidade das informações” prestadas pelo delator. Ela alegou ainda que uma eventual quebra de acordo tem reflexo nos benefícios concedidos ao réu que decide colaborar com as investigações.

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