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Supremo de Portugal anula extradição de operador da Petrobrás

Corte ordena que caso seja reconsiderado por instância inferior; defesa de operador critica juiz Sérgio Moro

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Por Jamil Chade e correspondente
Atualização:

GENEBRA - O Supremo Tribunal de Justiça de Portugal anulou a decisão de extraditar o luso-brasileiro Raul Schmidt, preso na 25ª fase da Operação Lava Jato, a primeira realizada fora do País. 

Os juízes consideraram que, numa instância inferior, o tribunal cometeu erros no uso de documentos sobre o suspeito e não considerou os fatos para substanciar a extradição. Segundo o Supremo, houve "omissão de pronúncia e falta de fundamentação quanto aos fatos por que foi pedida a extradição". A corte ainda aponta que "documentos que não respeitam ao pedido de extradição" foram também usados. 

Raul Schmidt Foto: Museu Victoria and Albert / Reprodução/Youtube

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O Supremo chegou a apontar que, na primeira instância, os juízes poderiam ter tratado das "nulidades" do caso. Mas limitaram-se a "um mero visto" no processo.

"Face ao exposto, (os juízes) acordam em anular a decisão recorrida que, com os mesmos julgadores, deverá ser substituída por outra que se pronuncie sobre o pedido de extradição tal como foi formalizado e documentado pelo Estado requerente na fase judicial do presente processo", indicou o Supremo.

A partir de agora, as instâncias inferiores terão de refazer o processo, o que promete levar ainda meses. 

O Tribunal da Relação de Lisboa, em maio, havia tomado uma decisão favorável à extradição, depois que o ministério da Justiça português também deu seu sinal verde. O governo havia considerado legítimo o pedido de extradição, já que as acusações contra Schmidt eram anteriores à obtenção da dupla cidadania. 

O suspeito era sócio do ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, Jorge Zelada. Mas, em dezembro de 2014, obteve a nacionalidade portuguesa. Ele é acusado de fazer pagamentos a três ex-diretores da Petrobrás. A partir de informações relativas a Schmidt, Jorge Zelada teve €10 milhões bloqueados em uma conta em Mônaco.

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Se inicialmente Raul Schmidt vivia em Londres, ele acabou se mudando para Lisboa. Ele estava foragido desde julho de 2015 e com seu nome no alerta da Interpol.

No momento de sua prisão, porém, a polícia portuguesa indicou que dezenas de obras de arte foram encontradas em sua casa, avaliada em 3 milhões de euros.

Moro. Para tentar derrubar a extradição, os advogados do brasileiro atacaram a "conduta do Exmo. Sr. Juiz Sério Moro". "Sem prejuízo de tudo quanto já vai dito sobre o Exmo. Magistrado que tem liderado a 'Operação Lava Jato', cumpre individualizar outras práticas que dão sustento à controvérsia que paira no espaço jurídico brasileiro (tanto na opinião publicada, como na Jurisprudência) quanto às suas condutas, comumente qualificadas de ilegais", apontou a defesa.

"Esta usurpação foi já reconhecida pelo próprio Supremo Tribunal Federal, que teceu duras críticas às suas atuações (algumas das quais incumprindo decisões de tribunais superiores)", indicou.

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"São inaceitáveis os comportamentos em que se vislumbra resistência ou inconformismo do magistrado, quando contrariado por decisão de instância superior. Atua com inequívoco desserviço e desrespeito ao sistema jurisdicional e ao Estado de Direito o juiz que se irroga de autoridade ímpar, acima da própria Justiça, conduzindo o processo ao seu livre arbítrio. Bradando sua independência funcional. Revelam-se abusivas as reiterações de prisões desconstituídas por instâncias superiores e as medidas excessivas tomadas para sua efetivação, principalmente o monitoramento dos patronos da defesa, sendo passíveis inclusive de sanção administrativa", aponta a decisão.

O Tribunal Superior, porém, não teceu comentários sobre o juiz brasileiro em sua decisão final.