Gim Argello (PTB-DF), suplente do senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) - que renunciou ao mandato na última quarta-feira -, nega rumores de que assumiria o cargo nesta terça-feira, 10, e informa que a data da posse ainda foi definida, segundo a assessoria. Mas que Argello deve fazê-lo antes de 90 dias, prazo máximo fixado pelo regimento do Senado. O suplente de Roriz é acusado de irregularidades apuradas pela Polícia Civil na Operação Aquarela, a mesma que investiga Roriz por conta de um cheque de R$ 2,2 milhões que o ex-senador recebeu do empresário Nenê Constantino. Em seu blog na internet, o presidente nacional do partido, Roberto Jefferson (RJ) - que ficou conhecido após denunciar o esquema do mensalão -, diz que conversou com Argello - vice na sigla - e recomendou que ele não assumisse a vaga deixada pelo ex-governador do Distrito Federal para não servir de "cortina de fumaça" para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que responde a processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior e tenta provar que usou recursos próprios para destinar R$ 12 mil mensais à jornalista Mônica Velloso, com quem tem uma filha fora do casamento. Na última quinta-feira, o PSOL informou que fará consultas com especialistas para checar se suplente está em condições jurídicas de assumir um mandato de senador. E se prepara para entrar com uma representação contra ele. Foi o PSOL que representou à Mesa Diretora contra Renan Calheiros e contra o próprio Roriz. O PSOL quer saber se não está caracterizada quebra de decoro parlamentar, já que, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, Argello teria atuado, em março, como intermediário na operação em que Roriz e o então presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura fizeram a partilha de R$ 2,2 milhões. Já o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), membro do Conselho de Ética, afirmou que Argello não deverá sofrer processo no órgão. Para Torres, fato anterior ao mandato não pode ser analisado pelo órgão. O presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), preferiu não especular sobre o assunto. Roriz e Argello Segundo reportagem da última quinta-feira do Estado, antes de renunciar, Roriz teria passado o dia tentando convencer Argello a abrir mão da suplência. Esperava, assim, arrefecer as investigações em torno da negociação da partilha do cheque de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura, preso na Operação Aquarela. Roriz chegou a mandar um emissário lembrar seu suplente que é o principal intermediário da operação com o cheque, por ser amigo íntimo de do empresário Constantino. Gim Argello é presidente do PTB do Distrito Federal. Argello já foi deputado na Câmara Legislativa do Distrito Federal, casa que chegou a presidir na época que Roriz era governador. Foi acusado em 2002 de receber 300 lotes como propina, e é suspeito de causar prejuízo de R$ 1,7 milhão à Câmara Legislativa com um contrato de informática. Com a posse, Gim Argello ganharia direito ao foro privilegiado e todos os processos contra ele seriam enviados ao STF.