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Suíça não recebe documentos sobre Maluf há dois anos

Denúncia é do promotor Silvio Marques, que esteve em Berna em 2002

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil não envia um único documento sobre o ex-prefeito Paulo Maluf (PP) à Suíça há quase dois anos. A revelação é do promotor de Justiça da Cidadania Silvio Antônio Marques, que conduz investigação acerca de suposto esquema de corrupção, desvio de verbas públicas e improbidade administrativa que teria levado o ex-prefeito a enriquecimento ilícito. Segundo Marques, em 2002 - quando o Ministério Público insistiu reiteradamente na liberação dos extratos bancários de Maluf na Suíça - foram remetidos a Berna cópias de depoimentos e de ações civis nas quais o ex-prefeito é citado. O próprio promotor foi a Genebra para entregar os papéis que a Suíça pediu para dar acesso às contas de Maluf, pelas quais teria transitado uma fortuna de US$ 320 milhões. Depois disso, nenhum outro documento chegou às mãos das autoridades suíças. "Como o Tribunal de Genebra liberou os dados sobre as contas de Maluf, achamos que aquele primeiro lote que entregamos tinha sido suficiente", declarou Marques. Novos documentos A Suíça mandou as cópias dos extratos das contas do ex-prefeito em março deste ano. Maluf nega possuir ativos no exterior. "Não tenho e nunca tive dinheiro fora do Brasil", declara. A promotoria sustenta que Maluf transferiu os ativos para a Ilha de Jersey, em 1996. Ontem, Silvio Marques fez contato com o Ministério da Justiça, que destacou a necessidade de remessa de novos documentos para instruir eventual processo contra Maluf na Suíça por lavagem de capitais. Ele informou que até setembro estará concluída a tradução para o francês de depoimentos que foram tomados nos últimos dois anos na Promotoria da Cidadania. Além disso, será encaminhada à Procuradoria de Genebra parte das 230 mil cópias de extratos bancários obtidos por meio da quebra do sigilo de empresários, doleiros e laranjas que teriam envolvimento com desvio de verbas de obras públicas contratadas na administração Maluf, entre 1993 e 1996. A promotoria tomou o depoimento de "diversas testemunhas", mas não se preocupou em remeter tais dados à Suíça. "De fato, muitas provas não foram encaminhadas ainda, mas porque eles não solicitaram mais nada", disse Marques. Conta Vênus O material que pode levar a Suíça a abrir processo contra Maluf por lavagem de dinheiro será levado pela via diplomática, com autorização formal da juíza Renata Okida, da 4.ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo. Em maio, a juíza Renata decretou quebra do sigilo bancário da família Maluf e de oito empresas e fundações por meio das quais o ex-prefeito teria movimentado recursos em paraísos fiscais. Segundo o promotor, documentos comprovam ainda existência da conta Vênus, administrada por uma funcionária de instituição financeira de Zurique onde Maluf teria mantido depósitos entre 1985 e 1996.

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