Suíça bloqueia conta que seria de Robson Marinho

Decisão ocorre em meio a investigação sobre pagamento de propina pela Alstom para obter contratos no governo paulista entre 1997 e 2003

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Por Redação
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Uma conta aberta na Suíça, que pode ter como titular o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) Robson Marinho, foi bloqueada pelo Ministério Público daquele país, dentro das investigações que apuram o pagamento de propina pela empresa Alstom para obter contratos no governo paulista entre os anos de 1997 e 2003. O titular da conta, que segundo as investigações é Marinho, recebeu mais de US$ 1 milhão de contas que fizeram pagamentos considerados irregulares a mando da Alstom. As informações foram divulgadas ontem pelo jornal Folha de S. Paulo. O caso é investigado na Suíça, França e Brasil. O Ministério Público brasileiro pedirá para os promotores suíços a documentação sobre a conta e as provas que apontam que ela pertence a Marinho para embasar as investigações locais. As autoridades envolvidas na apuração sabem que no final do ano passado o titular da conta tentou transferir o dinheiro para outra conta nos Estados Unidos, mas a movimentação foi interceptada e barrada pelos promotores suíços. Eles também bloquearam outras contas de brasileiros investigados no caso Alstom. Na Suíça, o Ministério Público pode bloquear uma conta bancária sem precisar de ordem judicial. A suposta ligação de Marinho com o esquema de propinas da Alstom ocorreu no período em que ele deixou o cargo de secretário da Casa Civil do governador Mário Covas (morto em 2001) e assumiu o posto de conselheiro do TCE. Em 1994, ele foi coordenador da campanha que elegeu Covas governador. As investigações no Brasil começaram após reportagem do Wall Street Journal revelar em maio do ano passado que os Ministérios Públicos da Suíça e da França investigavam a multinacional francesa Alstom pelo pagamento de propinas a políticos na América Latina e na Ásia para obter contratos. O conselheiro do TCE negou ontem que tenha aberto conta na Suíça e disse que está sendo condenado sem ser julgado. "Não existe conta minha na Suíça e nem e em qualquer outro país", afirmou o conselheiro. Marinho disse desconhecer oficialmente qualquer investigação que envolva seu nome. "Se há uma investigação sigilosa, não tenho conhecimento. Eu nunca fui notificado." Ele afirmou que como secretário do governo de São Paulo "nunca teve relação pessoal nem profissional com a Alstom". "Estou sendo condenado sem julgamento. Minha honra está sendo execrada sem que eu tenha o direito de de defender", criticou. RIO No Rio de Janeiro, o ex-executivo da Alstom no Brasil e atual presidente da Light, José Luiz Alquéres, disse ontem não acreditar nas denúncias. "Posso assegurar que não houve pagamento de um centavo indevido a qualquer autoridade ou qualquer segmento favorecedor de negócios. Esses casos que estão sendo investigados na Suíça não são da Alstom, mas de uma empresa chamada Cegelec, que a companhia anos depois comprou e anos depois vendeu." Alquéres presidiu a Alstom do Brasil entre 2000 e 2004 e permaneceu no conselho da empresa até 2006. RICARDO BRANDT e ALEXANDRE RODRIGUES

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