Sucessão papal é assunto em reunião da CNBB

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Por Agencia Estado
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O precário estado de saúde do papa João Paulo II, chefe supremo da Igreja Católica, não faz parte da pauta oficial de assuntos da 40ª assembléia-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que se realiza em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Mas o tema freqüenta as conversas informais nos corredores e salões do bucólico Mosteiro de Vila Kotska. O que aparece de maneira insistente é a preocupação com os destinos da Igreja, que tem 1,05 bilhão de seguidores no mundo, caso a agonia do pontífice se prolongue indefinidamente e ele fique sem condições de exercer o poder. Alguns bipos acreditam na possibilidade de renúncia. Outros acham isso quase impossível. O mais provável, dizem, seria os cardeais da Cúria Romana assumirem o controle da Igreja, como já ocorreu outras vezes, quando pontífices enfrentaram doenças degenerativas e prolongadas. Pio XII governou precariamente durante quase oito anos, na década de 50, atormentado por doenças degenerativas que atingiam o coração, o estômago, a próstata e o pulmão. Mas não renunciou. D. Angélico Sândalo Bernardino, bispo de Blumenau, Santa Catarina, observa que o papa já manifestou disposição de renunciar, quando sentir que não tem mais condições de levar adiante sua missão. O bispo acredita que João Paulo II fará isso quando achar necessário. O cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador, também não descarta a renúncia. "O papa está carregado de dores e não sabemos até quando ele vai sofrer", diz. O papa renuncia se quiser e não pode ser afastado. ?Se ele continuar, a Igreja tem condições de continuar sendo administrada", esclarece o cardeal. Quase toda autoridade eclesiástica evita dar detalhes sobre os problemas de saúde do pontífice. O cardeal Agnelo, um dos 126 eleitores que irão escolher o sucessor, enfatiza que João Paulo II continua "muito bom intelectualmente". Reforçar a capacidade intelectual do pontífice, de 81 anos, tem sido comum. O cardeal Giovanni Battista Re, que chefia em Roma a Congregação para os Bispos, disse em Indaiatuba que a memória do papa continua excelente. Para d. Antonio Celso de Queiroz, de Catanduva, interior de São Paulo, a renúncia é improvável. ?Isso não faz parte dos costumes do papado.? João Paulo surpreenderia o mundo se renunciasse. A hipótese da Cúria Romana assumir o controle da barda incomoda a ala progressista do episcopado. Os curiais são conservadores e podem aproveitar o vácuo do poder para ampliar suas posições na Igreja.

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