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Substituto de Eliseu Padilha deve ser do PMDB

Por Agencia Estado
Atualização:

O substituto do ministro Eliseu Padilha na pasta dos Transportes deve ser um deputado do PMDB. Este é, em linhas gerais, o entendimento político a que chegaram setores do partido com o Palácio do Planalto depois que Padilha anunciou que deixará o governo para se dedicar ao trabalho de restauração de suas bases eleitorais no Rio Grande do Sul. Associada à nomeação do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) para o ministério da Integração Nacional, no lugar do senador Ramez Tebet, a decisão revela que é menor do que se pensava a pressão do grupo do governador mineiro, Itamar Franco, para que o partido rompa com o governo e vá para a oposição. A nomeação do novo ministro será, porém, de livre escolha do presidente Fernando Henrique Cardoso, o que ele fará quando voltar da viagem que fará a países europeus. O presidente completará, desse modo, um primeiro movimento de ajuste do governo ao processo de escolha do candidato que apoiará oficialmente na campanha presidencial de 2002. As mudanças ministeriais que estão sendo anunciadas agora devem perdurar até abril, quando por obrigação legal todos os ministros que forem candidatos a mandato eletivo devem deixar os cargos. Isso significa que os pré-candidatos do PSDB, José Serra (Saúde), Paulo Renato Souza (Educação) e Pimenta da Veiga (Comunicações) ficarão no governo por mais seis meses. Para o PMDB, a preservação de espaços de poder torna-se também crucial garantir cadeira na mesa de negociação sucessória. Os movimentos que atingiram o PMDB são, segundo uma fonte oficial do partido, semelhantes aos movimentos de ajuste que também provocaram mudanças nos últimos dias entre as forças do PSDB. O presidente ganhará tempo para discutir a campanha com seus aliados, desistindo da reforma ampla que pretendia fazer no final do ano. E concedeu, simultaneamente, mais tempo para que se viabilizem pretensões como a do ministro Serra, afetado em São Paulo pelo pré-lançamento da candidatura presidencial do governador do Ceará, Tasso Jereissati, num ato promovido pela família do falecido governador Mário Covas. Dos partidos aliados, é o PMDB, entretanto, a legenda que tem um obstáculo efetivo a superar: a eleição prévia marcada para 20 de janeiro destinada a escolher candidato do partido à presidência da República. O debate para ultrapassá-lo trabalha com dois cenários. No primeiro, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, ou o senador Pedro Simon, vencem a disputa e se lançam atacando o governo. Considera-se este o de maior risco para o partido e não para o governo. A impressão no PMDB é de que quem adotar a linha oposição radical será um vencedor solitário e pode ser abandonado por parcela substancial da legenda sob o comando da maioria dos seus governadores. O segundo cenário considera a hipótese de vitória de um candidato dos atuais governistas, que autoproclamam representantes do caminho do meio. Isto é, do PMDB que participou decisivamente das reformas e da estabilidade econômica promovida pelo governo Fernando Henrique. Esse grupo julga um erro renunciar a tal patrimônio político. Se vencerem, permanecerão no governo para discutir a indicação do candidato à presidência da República sob o argumento de que a liderança da chapa não é monopólio do PSDB. Seja qual o resultado das eleições prévias, o PMDB está preparado para continuar no poder. Ainda que haja uma cisão fortíssima e o partido seja compelido a afastar quadros do governo, ele não irá, assegura um dirigente, fazer oposição parlamentar a Fernando Henrique. Se fizer isso, não será compreendido pela sociedade e dificilmente obterá lucro político ou eleitoral. Além disso, conclui o dirigente, o candidato real do partido não será escolhido nas prévias, que dará uma indicação, mas não impedirá uma disputa pela vaga na convenção nacional que o partido fará no final de junho do ano que vem.

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