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Sub-relatorias provocam bate-boca na CPI da Petrobrás

Presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), é chamado de 'moleque' por colega; Eduardo Cunha, possível citado em lista de suspeitos, surpreende colegiado ao comparecer à sessão

Por Daiene Cardoso e Daniel de Carvalho
Atualização:

Atualizado às 12h50

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Brasília - A segunda sessão da nova CPI da Petrobrás na Câmara dos Deputados teve na manhã desta quinta-feira, 5, momentos de tensão e bate-boca generalizado após o presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), anunciar que criaria quatro sub-relatorias para o colegiado. Indignado com a condução dos trabalhos, o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) chamou o peemedebista de “moleque” e chegou a ser contido por colegas. Outros deputados se levantaram de suas cadeiras e, com dedos em riste, foram até a mesa da presidência questionar Motta. Na mesma sessão, causou surpresa a presença do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

“Quem manda aqui é o presidente. Não aceito desrespeito. Cabelo branco não é sinônimo de respeito”, reagiu Motta, aos gritos. “Não serei fantoche para me submeter a pressão aqui. Não tenho medo de grito. Da terra onde venho, homem não ouve grito”, emendou.

Presidente da CPI da Petrobrás,Hugo Motta (centro), durante a votaçãodas sub-relatorias Foto: Ed Ferreira/Estadão

O peemedebista não havia aceitado o apelo da base governista para que fosse votado primeiro o plano de trabalho e em outro momento se discutisse a criação das sub-relatorias. O PT e outros partidos também reclamaram que não foram consultados antes sobre o assunto. Motta começou a ler o ato de criação das sub-relatorias, o que, na prática, descentraliza os trabalhos da comissão, e a sessão se transformou em discussão generalizada. Momentos depois, os ânimos já se acalmaram.

Motta também leu ato em que negou o pedido de extensão das investigações ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), apresentado pelo deputado Afonso Florence (PT-BA). O presidente da CPI alegou que o pedido não encontrava respaldo regimental. “Estamos obrigados a nos ater no ato de criação que delimita o escopo da CPI, ou seja, no período de 2005 e 2015”, afirmou.

A primeira sub-relatoria criada nesta quinta vai investigar superfaturamento e gestão temerária na construção de refinarias no Brasil; a segunda, a constituição de empresas subsidiárias e sociedades com o fim de praticar atos ilícitos; a terceira, o superfaturamento e gestão temerária na construção e afretamento de navios de transporte, navios-plataforma e navios-sonda; a última vai apurar irregularidades na operação da companhia Sete Brasil e na venda de ativos da Petrobrás na África.

Supresa. Eduardo Cunha (PMDB-RJ) entrou na sessão no momento em que o presidente da CPI da Petrobrás, Hugo Motta (PMDB-PB), anunciava a indicação da multinacional Kroll para investigar crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Após informações de que seu nome estaria em lista de suspeitos da Lava Jato, presidente da Câmara disse ter ido à sessão para se colocar à disposição do colegiado para prestar esclarecimentos.

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Doações. A segunda sessão da CPI da Petrobrás teve ainda uma discussão entre os deputados Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, e Ivan Valente (PSOL-SP). Ao rebater o questionamento feito por Valente na primeira reunião sobre a doação de empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato para a campanha eleitoral de parlamentares titulares desta CPI, Paulinho disse que seu colega recebeu recursos de seus funcionários. "Fiquei impressionado com algumas doações", disse o deputado, revelando que funcionários doaram a Valente até quatro vezes mais que seus salários.

Valente rebateu dizendo que faz campanha limpa, que recebe recursos de ativistas e que sua campanha recebeu dez vezes menos que a de Paulinho. "Vou pedir investigação sobre o financiamento do Paulinho, não só por empresas mas por entidades", respondeu.

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