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STF tem segundo dia de julgamento do mensalão

Advogados de defesa irão continuar com os argumentos; fotógrafos não poderão entrar nesta sessão

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Por Redação
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O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza, nesta quinta-feira, 23, a partir das 10 horas, o segundo dia do julgamento para decidir sobre a instauração de ação penal contra os 40 investigados no escândalo do mensalão. A sessão continuará com os argumentos dos advogados de defesa dos acusados. Serão ao todo 15, o que deve levar cerca de quatro horas. No primeiro dia, os advogados tomaram o maior tempo da sessão apresentando seus argumentos: mais de cinco horas. Segundo informação do STF, quatro acusados não têm advogados e serão nomeados representantes pela Corte. A tendência dos dez ministros é de instaurar processo. A sessão continuará com os argumentos dos advogados de defesa dos acusados, o que deve levar mais três horas. O STF reservou suas sessões até sexta-feira, mas, se for preciso, haverá sessão especial na segunda-feira. Veja também: STF tem segundo dia de julgamento do mensalão Veja imagens do julgamento  Ministros discutem votos por email, revelam imagens Supremo tende a aceitar ação contra os 40 mensaleiros CONJUR: Indícios bastam para que denúncia seja aceita Íntegra do relatório do ministro Joaquim Barbosa  Defesa de 'mensaleiros' afina discurso de advogados no STFQuem são os 40 do mensalão Saiba como o STF vai examinar a denúncia do 'mensalão' Deputados na mira: os cassados, os absolvidos e os que renunciaram  Entenda: de uma câmera oculta aos 40 do mensalão   O STF decidiu proibir a entrada de fotógrafos nesta sessão, após a publicação de imagens do jornal O Globo, onde são reveladas conversas entre os ministros Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski. No diálogo via email, eles discutem os votos que darão sobre a denúncia da Procuradoria Geral da República. Na sessão de abertura do julgamento, o ministro e relator Joaquim Barbosa leu as acusações contra os suspeitos de terem montado uma "organização criminosa" de alta influência política. Segundo o Ministério Público, o grupo teria comprado apoio no Congresso, feito negócios em paraísos fiscais e loteado cargos. A denúncia do procurador-geral da Justiça, Antonio Fernando de Souza, é incisiva. Narra como operou o mensalão no Congresso e trata formalmente de crimes atribuídos a 40 acusados que têm no foro privilegiado seu maior trunfo para escapar ou pelo menos empurrar eventual punição por muitos anos. Lista sete crimes - peculato, corrupção ativa, falsidade ideológica, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Chama o ex-ministro José Dirceu de "chefe" da "quadrilha". A defesa dos 40 acusados também foi dura, considerando a peça do Ministério Público sem fundamento, inepta, falha, vaga, ficcional e imprestável. O advogado de Dirceu, José Luiz de Oliveira Lima, foi o primeiro a falar: "Vi afirmações vagas", frisou. A suposta organização criminosa teria movimentado R$ 55 milhões. Parte desses recursos pode ter sido canalizada para contas de deputados em troca de adesão a projetos de interesse do governo Lula, durante seu primeiro mandato. Núcleos A denúncia divide os acusados em três núcleos. O primeiro núcleo, denominado de político-partidário, seria composto pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e ex-dirigentes do PT - José Genoino, então presidente do partido, Delúbio Soares, na época tesoureiro, e Sílvio Pereira, secretário-geral. Para o procurador-geral, a meta desse grupo era "garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores, mediante a compra e suporte político de outros partidos políticos e do financiamento futuro e pretérito das suas próprias campanhas". O segundo núcleo, pelo procurador denominado de publicitário-financeiro, era composto pelo empresário Marcos Valério e pessoas próximas dele, Rogério Tolentino, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach, Simone Vasconcelos e Geiza Dias. O objetivo desse grupo seria receber "vantagens indevidas" de integrantes do governo. "Para isso, quando delineada a vitória eleitoral do PT em 2002, Marcos Valério ofereceu os préstimos da sua quadrilha ao núcleo político-partidário." O Ministério Público Federal suspeita que o embrião do mensalão foi inaugurado pelo núcleo publicitário-financeiro na eleição para governador de Minas em 1998, na campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG). A investigação sobre o início do esquema é alvo de outro inquérito em curso no STF, sob o número 2.280. O terceiro núcleo, chamado financeiro, teria sido composto por José Augusto Dumont (falecido), Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Ayanna Tenório e Vinícius Samarane. "Parceiro de longa data do núcleo publicitário-financeiro na prática de crimes, o Banco Rural também ingressou na organização criminosa em busca de vantagens indevidas de integrantes do governo", diz o MPF.

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