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STF proíbe manobras da Câmara para transformar Medidas Provisórias em Lei

Prática conhecida como contrabando legislativo passa a ser vetada e número de emendas em Medidas Provisórias também passa a ser limitado

Por Gustavo Aguiar
Atualização:

Brasília - O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou, nesta quinta-feira, 15, inconstitucional a prática de contrabando legislativo, e limitou a inclusão de emendas em Medidas Provisórias (MP) pelo Congresso Nacional. O termo se refere à conversão de uma MP em lei ao fazer o acréscimo de artigos que nada têm a ver com a norma original editada pelo Executivo. O Supremo informará ao Poder Legislativo que o dispositivo não poderá mais ser aplicado. A discussão partiu de uma ação direta de inconstitucionalidade referente ao contrabando legislativo da medida provisória 452/2009, convertida na Lei 12.249 de 2010. A conversão acabou alterando um decreto-lei de 1946 sobre a criação do Conselho Federal de Contabilidade e a regulamentação da profissão de contador. Apesar de definir a prática como incompatível com a Constituição, a lei em questão e todas as outras que foram editadas a partir do contrabando legislativo não vão sofrer alteração.

O plenário do STF Foto: Dida Sampaio/Estadão

A Corte argumenta que manter em vigor a lei questionada na ação, mas impedir a aplicação do contrabando legislativo a medidas provisórias futuras é questão de segurança jurídica. Caso a decisão valesse para a ação concreta, se abriria a possibilidade de questionamento de diversas outras leis que já estão em vigor e que foram editadas a partir de medidas provisórias, avaliaram os ministros. Por causa desse entendimento, a profissão de técnico em contabilidade acabou extinta. O placar da decisão na Corte ficou em 6 a 3 contra a ação concreta. Os votos vencidos foram de Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, relatora da ação. Para a ministra, a extinção da profissão de técnico em contabilidade também é inconstitucional, e entendeu que a lei fruto da conversão de uma medida provisória deveria ser revogada. Sobre o sequestro legislativo, Rosa Weber disse: "Não se trata de aproveitar o rito mais célere para fazer avançar o processo legislativo. A hipótese evidencia violação do direito fundamental ao processo legislativo".

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