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STF intimará réus para interrogatórios

Proposta visa a agilizar processo e foi feita pelo ministro Cezar Peluso, que apoiou relator durante o julgamento

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Por Leonencio Nossa , Fabio Graner e BRASÍLIA
Atualização:

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram que, depois da publicação do acórdão que abre o processo contra os envolvidos no mensalão, o relator, ministro Joaquim Barbosa, poderá enviar cartas de ordem para os interrogatórios. A proposta, feita pelo ministro Cezar Peluso e aprovada por unanimidade, visa a tornar mais rápido o processo. Durante o julgamento, Peluso foi uma espécie de escudeiro de Barbosa. Quando alguém contestava o relator, ele entrava em cena, às vezes bravo, na defesa do relatório. Ironizou e contestou intervenções do ministro Ricardo Lewandowski, que votou contra o relator, especialmente nos casos de formação de quadrilha. Ellen Gracie, em seu primeiro julgamento de grande peso na presidência do STF, votou sempre de acordo com o relator. Ela se mostrou contemporizadora e preocupada com o almoço e o descanso. Ontem, interrompeu o julgamento no meio da parte que tratava da denúncia por formação de quadrilha. Os ministros foram almoçar tendo resolvido apenas a situação do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Só depois foi decidida a situação do deputado José Genoino e do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira. Barbosa foi incisivo ao pedir que os 40 denunciados pelo Ministério Público Federal virassem réus. Embora o julgamento servisse apenas para decidir pela abertura ou não de ações penais, ele foi enfático ao acusar Dirceu de "mentor supremo" do esquema. Lewandowski, ministro com menos tempo na corte, foi o único a rejeitar a denúncia de formação de quadrilha contra Dirceu. Foi atacado por Peluso, Celso de Mello e Marco Aurélio Mello quando tentou desqualificar as denúncias. Só votou com o relator ao avaliar que Dirceu deveria também responder por corrupção ativa. A ministra Cármen Lúcia, que teve divulgadas mensagens eletrônicas trocadas com Lewandowski, ficou a maior parte do tempo cabisbaixa. Nas poucas vezes que tentou expor uma posição, recebeu críticas. No início, Eros Grau demonstrou não concordar com a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Mas, nos últimos dias, elogiou Souza. Votou pela ação por crime de formação de quadrilha contra Dirceu. Gilmar Mendes chegou a liderar o grupo contrário à denúncia. Afirmou que não concordava em aceitá-la sem um número considerável de indícios. Acabou votando com o relator nos casos mais polêmicos. Carlos Ayres Britto, ex-filiado ao PT de Sergipe, comparou os petistas a governadores corruptos do Brasil Colônia. Marco Aurélio concordou com o relator em tudo. Celso de Mello, o mais antigo no STF, recorreu à quase ininteligível linguagem jurídica para apoiar o relator.

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