04 de novembro de 2010 | 20h31
Na votação, prevaleceu o voto da relatora da ação penal, Cármen Lúcia Antunes Rocha, para quem não existiam provas suficientes de que Russomanno teria sido o responsável pelos danos causados a uma porta do Instituto do Coração (Incor), em 2002. Na ocasião, segundo a denúncia, o político teria se desentendido com funcionários do estabelecimento no qual a mãe era atendida.
Gilmar Mendes afirmou que a ocupação do STF com esse tipo de questão era "digna de reflexão". Ele disse que estão se tornando comuns notícias sobre reações de políticos. E citou, sem dar nomes, um que se candidatou ao Senado por São Paulo e que teria se especializado em bater em mulheres. "Não é conduta exemplar", afirmou o ministro. "É preciso que haja repúdio."
Logo em seguida, Marco Aurélio Mello falou sobre a situação da saúde no Brasil e sobre a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). "Não posso deixar de registrar que a saúde pública no Brasil é um caso de polícia", disse. "E que deposito minhas esperanças no campo da saúde e no campo da segurança pública no discurso da candidata eleita Dilma Rousseff."
Trauma
No início de sua sustentação oral, o advogado Marcelo Leal, que defendeu Russomanno, citou uma clássica frase do filósofo Ortega y Gasset: "O homem é o homem e suas circunstâncias."
Ele disse que Russomanno sofreu um trauma em 1990, quando a então mulher do político morreu depois de ter sido atendida num hospital particular na capital paulista. O atendimento foi criticado pelo deputado. Na época, Russomanno era apresentador de TV e fez filmagens no hospital com uma câmera que tinha no carro.
Preferência
No episódio envolvendo a mãe do deputado, a defesa alegou que o hospital estaria dando preferência a pacientes particulares em detrimento de doentes atendidos por planos de saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o advogado, a mãe do político, que tinha um plano de saúde, foi atendida depois da chegada de Russomanno ao hospital.
O deputado, que ficou conhecido por defender direitos dos consumidores, também teria tentado interceder em favor dos outros pacientes. "Jamais a intenção do deputado esteve voltada para o dano do patrimônio publico", afirmou o advogado. "Ele queria que as pessoas fossem atendidas."
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