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Manifestação anti-Temer tem repúdio à ação da PM

Manifesto assinado por cerca de 2 mil pessoas sobre operação policial no ato realizado no domingo é lido durante protesto contra o presidente em São Paulo

Foto do author Gilberto Amendola
Foto do author Pedro  Venceslau
Por Gilberto Amendola e Pedro Venceslau
Atualização:
Ato se concentrou no Largo da Batata, na zona oeste de São Paulo Foto: Gabriela Biló/Estadão

SÃO PAULO - Um manifesto de repúdio à atuação da Polícia Militar no protesto do domingo passado foi lido nesta quinta-feira durante o ato contra o presidente Michel Temer, realizado na zona oeste de São Paulo. A manifestação pacífica partiu às 18 horas do Largo da Batata e foi finalizada às 21 horas nas redondezas da residência do peemedebista, no Alto de Pinheiros. Na estimativa dos organizadores, cerca de 15 mil pessoas participaram da caminhada. 

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“O uso desregrado da força em manifestações políticas coloca em risco não apenas a segurança individual das pessoas, mas atinge o cerne do próprio regime democrático”, diz o texto. O manifesto foi assinado por cerca de 2 mil pessoas, entre elas os escritores Milton Hatoum e Raduan Nassar, o crítico literário Antonio Cândido, os músicos Chico César, Arrigo Barnabé e Jards Macalé, a atriz Débora Duboc e cientistas políticos.

O texto afirma que “a eventual presença ou ação de grupos violentos no interior de uma manifestação pacífica não pode se tornar justificativa para ações repressivas, de retaliação e à margem da lei, que atinjam o conjunto dos manifestantes, jornalistas ou mesmo transeuntes”. No domingo, a PM usou bombas de gás lacrimogêneo no fim do ato após um princípio de confusão, segundo o relato oficial, na Estação Faria Lima.

No encerramento do ato nesta quinta-feira, o primeiro a discursar foi o ex-senador Eduardo Suplicy. Ele sugeriu que o governo aproveite as eleições municipais para fazer uma consulta popular. “O povo poderia decidir se quer que Temer termine o mandato ou não”, disse. Lideranças de grupos como o MST e CUT usaram o microfone para pedir “fora, Temer” e “fora, Cunha”. Uma próxima manifestação foi convocada para domingo, às 14 horas, na Avenida Paulista.

O ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT) com manifestante durante ato contra Temer em SP; petista diz que beijo foi 'involuntário' Foto: Gabriela Biló/Estadão

Greve. Vagner Freitas, presidente da CUT, defendeu um “esquenta” de greve para o próximo dia 22. “Vamos parar o que der para parar e atrasar o que der para atrasar”, afirmou. Segundo ele, uma greve geral deve ter data definida futuramente,  com apoio da Força Sindical, presidida pelo deputado federal Paulinho da Força (SD).

Durante a caminhada, os manifestantes fizeram críticas às reformas da Previdência e trabalhista. "O que as pessoas estão esperando para se juntar à luta? O fim da CLT, das férias e do décimo terceiro?", bradava a estudante Renata Pacheco, 23 anos. "Nao fui eleitor da Dilma, mas acho até que o impeachment foi uma rasteira na Constituição. Não estou aqui por ela. Estou aqui pela democracia. Eleições 'Diretas-Já'", disse o publicitário Felipe Damasceno, 33 anos.

O deputado federal e candidato a vice-prefeito Ivan Valente (PSOL) disse que a possibilidade de mudanças nas leis trabalhistas tem "injetado ânimo e força às manifestações". Para ele, a mobilização quase que diária pode até "arrefecer um dia ou outro, mas no todo a revolta popular estaria crescendo".Os manifestantes carregam faixas de "Liberdade e Luta", "Nenhum direito a Menos" e "Mulheres Sem Temer".

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A aposentada e ex-presa política Josefa Laurindo Roriz Silva, 76 anos, avisou que ela é "representante das idosas que teimosamente insistem em permanecer nas ruas". "Lugar do povo é na praça e vou ficar alerta até o Temer cair", disse à reportagem.

Com 23 anos, Naiara do Rosário, que milita no coletivo de educação Emancipa, diz que está na rua porque " o atual governo está atacando a educação e quer implementar a bobagem que é a Escola Sem Partido".

Atos. Este é o quarto ato contra Temer em menos de uma semana na capital paulista. Na quarta-feira, 7, organizadores calcularam cerca de 15 mil pessoas entre militantes de partidos, movimentos sociais, mulheres, jovens e famílias em uma caminhada da região da Avenida Paulista ao Parque Ibirapuera, no período da manhã. À tarde, cerca de 10 mil pessoas, segundo o coletivo Liberdade e Luta, foram da Praça da Sé à Paulista e em seguida à Praça da República, na região central, em um ato pacífico. A PM não informou o número de manifestantes em nenhuma das duas manifestações.

No domingo, 4, aproximadamente 100 mil pessoas foram à Paulista se manifestar contra o governo Temer, segundo as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. A caminhada, que começou por volta das 18h, terminou em tensão no Largo da Batata, quando houve empurra-empurra no acesso à estação do metrô. Bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo foram lançadas pela PM para dispersar os manifestantes.