Sou inocente e não fugi para não perder dignidade, diz Paulinho

Deputado se defendeu de acusações de que estaria envolvido nas fraudes de desvios de verbas do BNDES

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, voltou a afirmar nesta terça-feira, 8, que é inocente e que não renunciou ao mandato porque perderia o que tem de melhor: a dignidade e o respeito. Durante o depoimento no Conselho de Ética da Câmara, o deputado se defendeu de acusações de que estaria envolvido nas fraudes de desvios de verbas do BNDES, alvo de investigações da Operação Santa Tereza, da Polícia Federal. "Minha vida não permite ter medo, só me permite lutar até hoje. Por isso quero claramente declarar que sou inocente do que me acusam e não renunciei. Se eu corro, perco o que tenho de melhor, minha dignidade e meu respeito." Veja também: Especial: Operação Santa Tereza No primeiro dia de depoimento,o deputado não convenceu o relator, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), de sua inocência nas acusações de suposto envolvimento no esquema de desvio. O depoimento no colegiado continua nesta quarta-feira. A suspeita principal apontada nesta terça foi em torno de uma operação envolvendo a doação de um apartamento para a ONG Meu Guri, presidida por Elza Pereira, mulher de Paulinho. O relator e outros deputados no colegiado não entenderam muito bem porque a doação, feita pelo ex-consultor do BNDES João Pedro de Moura, um dos principais acusados pela Operação Santa Tereza desencadeada pela Polícia Federal, foi revertida depois que o próprio doador pagou R$ 37,5 mil para a ONG, segundo contou Paulinho. "É preciso explicação mais contundente. Está muito vulnerável", afirmou Piau. Para justificar o pagamento de R$ 37,5 mil de Moura para Elza, Paulinho afirmou que se tratava de uma negociação envolvendo um apartamento em São Paulo. Segundo o parlamentar, Moura doou o imóvel no valor de cerca de R$ 80 mil para a ONG Meu Guri. A entidade não conseguiu vender o imóvel, que acumulou dívidas de condomínios e impostos atrasados. Paulinho afirmou que não havia meios legais para a entidade devolver o apartamento e, por isso, Moura pagou para ter o imóvel de volta. Paulinho disse não saber porque do envolvimento do seu nome no caso e disse que tinha suspeitos, mas que não divulgaria. " Porque toda essa mídia, toda essa vontade? Suspeitas eu tenho, mas seria leviandade da minha parte (divulgar).Porque estaria cometendo as mesmas injustiças que cometeram contra mim." Na versão que apresentou lendo um texto aos deputados do conselho, o deputado diz que seu nome apareceu em gravação de conversas entre outras pessoas, quando uma delas citou o nome "Paulinho". O parlamentar disse que quando o ex-consultor do BNDES João Pedro de Moura - indiciado para essa função pela Força Sindical - e o empresário Manuel de Bastos Filho falam, em conversa gravada, sobre divisão de dinheiro e mencionam o nome "Paulinho", isso induz as pessoas a pensarem que seja ele, Paulinho da Força Sindical. "Mas nego veementemente que tenha participação naquela divisão", afirmou. Paulo Pereira afirmou que João Pedro de Moura confessou que usava o nome dele, Paulinho, para aferir vantagens. Sobre sua conversa, também gravada pela Polícia Federal, com o coronel reformado da Polícia Militar Wilson de Barros Consani Junior - que avisava que haveria uma operação da Polícia Federal - o deputado apresentou a versão de que essa operação nada teria a ver com o caso do BNDES. Segundo Paulinho, sua filha suspeitava, na época, que estava sendo perseguida e, por isso, contratou o coronel para verificar o que estava acontecendo, e este descobriu que policiais civis do Estado de São Paulo a estavam seguindo. O deputado disse que procurou a Justiça e protocolou uma representação. Paulo Pereira disse que, quando recebeu o telefonema do coronel, entendeu que o militar estava-se referindo ao caso das ameaças. "Eu estava cuidando da segurança da minha filha", declarou. (Com Denise Madueño, de O Estado de S.Paulo) Texto atualizado às 17h50

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.