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'Sou candidato a carcereiro de Daniel Dantas', diz Protógenes

Delegado que comandou a Satiagraha disse em tom de brincadeira a 'fila é grande' para cuidar do banqueiro

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Por Angela Lacerda
Atualização:

"Sou forte candidato a carcereiro do banqueiro bandido Daniel Dantas e a inaugurar a primeira penitenciária federal só para banqueiro bandido". A afirmação foi feita nesta terça-feira, 10, pelo delegado Protógenes Queiroz, mentor da Operação Satiagraha, durante debate com estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife, em resposta à indagação se ele tem pretensão de se candidatar a algum cargo político. "Gosto do que faço, pretendo continuar com esse trabalho". Veja também: Justiça quebra sigilo de Protógenes Novas acusações a Protógenes não mudam investigação, diz PF Em blog, Protógenes se defende de acusações de revista Operação Satiagraha As prisões de Daniel Dantas Os alvos da Operação Satiagraha Em tom de brincadeira, o delegado - atualmente assistente da coordenação da Defesa Institucional da Polícia Federal - afirmou que existem vários concorrentes querendo ocupar a mesma vaga (de carcereiro de Daniel Dantas). "É uma fila enorme". Segundo ele o termo "banqueiro bandido" que sempre usa para se referir ao dono do Opportunity, preso duas vezes pela Satiagraha, é um termo técnico, não denota raiva. "Por que usar a palavra bandido só quando o criminoso é pobre?", indagou, para complementar: "Banqueiro que enriquece com dinheiro dos cofres do Estado brasileiro é bandido". Sobre a reportagem publicada na revista Veja, que o acusa de ter montado uma máquina de espionagem paralela e de ter grampeado de forma clandestina desde o presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, à ministra Dilma Rousseff, que teria tido sua vida amorosa bisbilhotada, o delegado reforçou que "não confirma uma linha sequer da matéria mentirosa". Também reiterou sua visão de que a publicação, "com a antecipação de escândalos", "antecipa a eleição de 2010, com o objetivo de prejudicar o presidente Lula". Na sua avaliação, a forma de distribuir e publicar as fotos das personalidades escolhidas, de forma credenciada, organizada - o presidente Lula, seu filho Fábio Luis, a ministra Dilma, senadores, o presidente do STF - já denota a intenção de desconstruir todo o trabalho do presidente Lula e todo o trabalho da ministra da Casa Civil. Também com relação ao conteúdo, ele observou que a revista traz notícia de que haveria indício na Operação Satiagraha de participação do filho do presidente Lula (Fábio Luis da Silva), que, segundo ele "em nenhum momento foi investigado". "É uma grande mentira, não existe indício de conversa ou diálogo falando do filho do presidente Lula". "É uma montagem e isso tem de ser responsabilizado", disse ao reiterar sua intenção de acionar judicialmente a revista e os responsáveis pela matéria. Indagado, no debate da noite de anteontem, se a investigação Satiagraha foi feita por ordem do presidente Lula, o delegado foi subjetivo. "Acredito que o presidente saiba responder melhor do que eu". Ele considerou desigual a luta, hoje, no combate à corrupção, porque as instituições estão frágeis. Os escândalos se repetem, mas as pessoas não reagem, "se indignam dentro de casa". "Temos que nos organizar", defendeu, ao constatar que esta luta, no Brasil, "vai ser um processo lento e doloroso". "Mas vamos alcançar", afirmou ao lembrar que as primeiras iniciativas já começam a ser tomadas no meio acadêmico. Comentou ainda que se os movimentos sociais e sindicatos se encontram em um estado de letargia, conta-se hoje com uma nova ferramenta, a internet. Em defesa do combate à corrupção e do próprio delegado, há dois sites no ar: o blog do Protógenes e o protogenescontraacorrupcão.ning.com, que ele não assume a autoria do lançamento. O delegado participou de debate na noite da última segunda, 9, mediado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, no departamento de Economia da UFPE, e de outro nesta terça na Faculdade de Direito, ambos por iniciativa do blog Acerto de Contas. Também deu entrevista no programa do radialista Geraldo Freire, de grande audiência. Sua cruzada contra a corrupção tem continuidade nesta quarta com conferência na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia.

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