Sociedade tem de questionar o Estado, diz Dulci

Ministro defende participação do governo brasileiro e diálogo com sociedade civil

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Com participação em cinco edições anteriores do Fórum Social Mundial, o titular da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, defendeu a continuidade da presença do governo brasileiro em futuras edições do evento. Mesmo com poucas representações governamentais - Quênia, Brasil e África do Sul - no Fórum de Nairóbi, ele considera importante o diálogo com a sociedade civil, que ganha mais energia no cenário internacional com a realização do encontro no continente africano, encerrado na quinta-feira com uma maratona pelos direitos básicos e a apresentação de vários grupos africanos. "As transformações democráticas do mundo, dos pontos de vista econômico, social e político, ocorrerão com maior rapidez se não dependerem apenas do Estado", declarou Dulci. "As entidades têm que questionar os governos e os partidos, mas fazer alianças sobre uma causa comum". O ministro garantiu, no entanto, que o envolvimento do Brasil com movimentos sociais não é ideológico. "A discussão é sobre mudanças sociais concretas. Não é por outra razão que o governo brasileiro continua sendo convidado para participar do Fórum Social". Dulci também revelou que gostaria de ver o evento mais uma vez no Brasil - em 2008, o encontro acontecerá em vários países. Em 2009, Salvador (BA) é candidata a receber o Fórum Social, juntamente com Barcelona, na Espanha, e uma cidade italiana e outra africana, ainda indefinidas. A proposta será discutida neste final de semana pelos organizadores do Conselho Internacional do Fórum. O integrante queniano do órgão, Edward Oyugi, garantiu que o encontro será sediado na América Latina em 2009. "Há grande possibilidade de o evento retornar à sua origem e seguir para países da América Latina nos anos seguintes". Dulci fez um balanço positivo do evento em Nairóbi, que teve participação de mais de 60 mil pessoas entre os dias 20 e 25. Movimentos A delegação brasileira contou com 34 representantes de 11 diferentes ministérios. Experiências de políticas sociais do País, como o programa Luz para Todos e o projeto de combate à desigualdade racial, foram levadas à África. A Petrobrás montou um estande por onde passaram mais de 9 mil participantes. A delegação levou ainda 400 líderes sociais e de movimentos populares. O Movimento dos Sem-Terra (MST) e a Via Campesina sintonizaram o discurso sobre as ações no Brasil e no mundo. João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do MST, classificou o lançamento da Campanha Internacional pela Reforma Agrária na África como o resultado mais importante do Fórum. Segundo ele, as reivindicações sobre o tema no País terão novo foco: "Vamos buscar duramente, com muita pressão, reforma agrária ligada à questão ambiental, defendendo uma agroecologia no lugar do agronegócio e uma política de geração de empregos firme", disse o líder sem terra.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.