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Socialista milionário não crê em demonização da fortuna

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Por MARCELO PORTELA
Atualização:

Mais rico candidato a prefeito de capital, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, o socialista Márcio Lacerda não acredita que sua situação financeira seja problema durante a campanha. "O Brasil é uma sociedade desigual, mas há uma mudança de cultura. Havia uma demonização do sucesso, mas isso está reduzindo", avalia o candidato do PSB, que tem o apoio de 12 partidos e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), como principais cabos eleitorais. Em sua declaração de patrimônio encaminhada à Justiça Eleitoral, Márcio Lacerda (PSB) informou possuir 55,5 milhões de reais, bem mais que os 39 milhões de reais declarados por Paulo Maluf (PP), o segundo mais rico, e cinco vezes mais que os 10,4 milhões de reais que constam na declaração de Marta Suplicy (PT), de tradicional família paulista. "Não posso julgar as declarações de outros candidatos. Cabe à Receita Federal verificar se os patrimônios são verdadeiros", afirma o candidato. O patrimônio de Lacerda chegou, inclusive, a ser citado por Pedro Paulo (PCO), durante o primeiro debate entre candidatos na capital mineira. "Juntei meu patrimônio sem nenhum processo ou contestação e agora estou colocando meu tempo à disposição para ajudar as pessoas", diz Lacerda, refutando uma vez mais qualquer prejuízo eleitoral por conta de sua condição financeira. Lacerda afirma que não se apóia no patrimônio, que consiste principalmente em cotas da empresa Macunaíma Participações Ltda e aplicações financeiras, para concorrer. PRESO NA DITADURA Filho de um topógrafo e de uma professora primária, o candidato começou a formar seu patrimônio no fim da década de 70,início dos anos 80, quando, depois de sair da prisão política imposta pela ditadura militar, montou as empresas Construtel e Batik, especializadas em redes e equipamentos de telefonia. "Eu nunca trabalhei para ficar rico. Estava em (liberdade) condicional e não pude voltar ao antigo emprego", afirma, referindo-se à então Companhia Telefônica de Minas Gerais, transformada posteriormente em Telemig. Durante as décadas de 80 e 90, os negócios de Lacerda prosperaram e se estenderam para outros estados e países da América do Sul. Até que o empresário vendeu seus negócios para a norte-americana Lucent, por valores não revelados à época da negociação. "Eu sempre gostei de reunir uma equipe e buscar objetivos. Mas empresa que não cresce, não sobrevive", diz ele. Apesar de nunca ter concorrido em uma eleição, Lacerda afirma que as atividades empresariais não o afastaram da política. "Sempre estive envolvido. Na condicional não podia fazer política, mas nunca me afastei. Agora, estou aposentado como empresário e não penso em voltar a dirigir uma empresa." Lacerda está em segundo lugar na pesquisa Datafolha de intenção de votos em Belo Horizonte, tecnicamente empatado com o peemedebista Leonardo Qintão. A liderança, com folga, é de Jô Moraes, do PCdoB.

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