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Sobe para 23 o número de mortos em acidente no Acre

Por Agencia Estado
Atualização:

Subiu para 23 o número de mortos na queda do avião Brasília, prefixo PTWRQ, da Ricco Linhas Áereas, ocorrida ontem a cerca de 8 quilômetros do centro de Rio Branco. A funcionária pública Geane de Souza Lima morreu nesta madrugada, depois de passar várias horas na UTI do Pronto Socorro de Rio Branco. O acidente deixou oito feridos e três continuam internados na UTI. A médica Célia Rocha e o comerciante João Gaspar devem ser transferidos para São Paulo. Apenas Hassen Camelli, primo do ex-governador do Acre, Orleir Camelli e Teodorico Torres Melo Neto estão fora de perigo. O acidente aconteceu por volta das 18h30, quando o Brasília fazia aproximação de pouso e caiu no ramal Chapada, a 4,5 quilômetros da pista. O avião saiu de Cruzeiro do Sul (700 quilômetros de Rio Branco), fez escala em Carauacá, onde ficaram os comerciantes João Melo e Valmir Figueiredo, e seguiu viagem para a capital acreana. O resgate das vítimas foi muito complicado e contou com a ajuda de voluntários do Clube do Jipe do Acre (CJA). "Não fossem os jipes, a situação seria ainda pior", disse Cassiano Marques de Oliveira, secretário de Segurança e membro do CJA. Marques pessoalmente ajudou na remoção de mortos e feridos nas ferragens. O serviço de identificação dos corpos também foi difícil e demorado. Entre as vítimas estão o deputado federal Ildefonço Cordeiro(PSDB/AC), sua esposa, Arlete e o superitendente regional da Fundação Nacional de Saude (Funasa), Ailton Rodrigues. Os carros do Corpo de Bombeiros não conseguiram entrar no ramal por causa das más condições da estrada. O acesso só é possível com carros com tração nas quatro rodas e mesmo assim muitos ficaram atolados. Por volta das 22 horas os bombeiros decidiram encerrar os trabalhos realizados com ajuda de holofotes utilizados pelas equipes de TV e faróis dos carros. Celular O empresário Hassen Cameli, conhecido como Manu, viveu momentos dramáticoss depois da queda. De dentro do avião caído, ele conseguiu ligar para um amigo identificado como "Branco". "O avião caiu meu irmão. Eu vou morrer. Me ajuda pelo amor de Deus", disse Manu ao amigo, que imediatamente acionou a polícia e os bombeiros. O Departamento de Aviação Civil (DAC) e técnicos da Ricco começaram hoje de manhã a investigar as causas do acidente. O avião bateu num poste da rede elétrica e arrastou estacas de cerca ao cair. Além da forte chuva que caía naquele horário, uma rajada de vento (que pode ser o fenômeno windshear -"tesoura cortante"-, em inglês) fez a aeronave perder o controle. A Ricco anunciou que disponibilizará advogados e psicólogos para as vítimas e seus familiares, "Faremos tudo que for necessário para apoiar as famílias", afirmou Elisângela Oliveira, gerente da empresa. A Ricco é sediada em Manaus e opera há 40 anos na Amazônia. Em quatro anos é o primeiro acidente depois que ela se instalou no Acre. Tragédia e desespero A tragédia envolvendo a Ricco Linhas Aéreas parou a capital acreana. O governador Jorge Viana determinou a presença de autoridades no resgate e ordenou o cancelamento de uma festa agropecuária, a Expoacre, alegando precisar do trabalho dos policiais no local do acidente. Parte das vítimas era de empresários e pecuaristas que viajaram a Rio Branco para participar da Expoacre. Muita gente se desesperou e passou mal ao ver o nome de parentes e amigos na lista de vítimas. "Liguei para a casa dela e ouvi choro e gritos pelo telefone", contou Maria Conceição Silva, que viu na TV o nome de Maria Alessandra Costa, vendedora de cosméticos, com quem trabalha. No Instituto Médico legal (IML) uma mutidão se juntou para esperar a chegada das vítimas. A superintendente do Ibama, Idelcleide Rodrigues, que perdeu o pai Idelfonço Cordeiro e a mãe Arlete, estava inconsolável sob a chuva que caia sem parar na capital acreana. O parlamentar chegou a ser resgatado com vida, mas morreu pouco antes de chegar ao hospital. Apesar do difícil acesso, familiares percorreram a pé os 4,5 quilômetros que separam a BR-364 do local da queda, na tentativa de prestar alguma ajuda e obter melhores informações. Homens do 4º batalhão de Infantaria de Silva (BIS) formaram um cordão de isolamento para evitar a presença de curiosos. O avião caiu segundos após a torre de controle conceder autorização de pouso. O agricultor Marivaldo Costa Silva, morador do ramal (estrada vicinal) Chapada, contou que viu um clarão no céu, a pouca altura, e ouviu algo como um estrondo. "Fiquei com muito medo", disse ele. O tenente Gamal Murad, do Corpo de Bombeiros, foi um dos primeiros a chegar no local e disse ter visto cadáveres espalhados por até 200 metros de distância do avião. Esta é a lista de passageiros do avião: Mortos Ailton Rodrigues de Oliveira Arlete Soares de Souza Francisco Cândido da Silva Francisco Darichen Campos Geane de Souza Lima Idelfonço Cordeiro João Alves de Melo José Edilberto Gomes de Souza José Waldeir Rodrigues Gabriel Carina Matos de Pinho Clenilda Nogueira Luiz Maciel Costa Maria Alessandra de Andrade Costa Maria de Fátima Soares de Oliveira Maria José Pessoa Miranda Maria Raimunda Zenaide Alves da Silva Raimundo Souza Rosângela Rodrigues Rosimeire dos Santos Lobo Walter Teixeira da Silva Tripulação: Comandante Paulo roberto Freitas Tavares Copiloto Paulo Roberto do Nascimento Comissária Kátia Regina Feridos gravemente: João Célio Gonçalves Gaspar Maria Célia Rocha Feridos levemente: Antonio Napoleão de Oliveira Maria de Fátima Meireles de Almeida Raceni Cameli Luiz Wanderley da Silva Maria José de Albuquerque Theodorico Fernandes de Melo

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