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Sob protesto de punks, Integralistas se reúnem

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 25 pessoas estiveram reunidas para ressuscitar os princípios do integralista Plínio Salgado, morto há 29 anos. O evento congregou direitistas de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro e recebeu o nome de 1.º Congresso do Movimento Integralista para o Século XXI e contou com a participação do deputado federal Elimar Máximo Damasceno, do Prona. Plínio Salgado é a alma do Movimento Integralista O movimento Integralista começou com o jornalista Plínio Salgado, em 1932, quando lançou o Manifesto de Outubro, no qual apresenta as diretrizes da Ação Integralista Brasileira (AIB), inspirado no fascismo italiano. Plínio lançou candidatura à Presidência em 1937, mas depois apoiou o presidente Vargas, que cancelou o pleito e decretou o Estado Novo. Vargas, porém, decretou o fechamento da AIB, assim como das demais organizações partidárias. Militares integralistas participaram por duas vezes de levantes para depor Vargas. Em 1939, Plínio foi preso e exilado em Portugal. Voltou ao Brasil em 1945. Reformulou a doutrina integralista e fundou o Partido de Representação Popular (PRP). Em 1955, lançou-se candidato à Presidência, obtendo 8% dos votos. Em seguida, apoiou o presidente eleito Juscelino Kubitscheck e foi nomeado para a direção do Instituto Nacional de Imigração e Colonização. Em 1964, foi um dos oradores da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em São Paulo, contra o presidente João Goulart. Apoiou o golpe militar daquele ano e, com a extinção dos antigos partidos, ingressou na Aliança Renovadora Nacional (Arena), criada para auxiliar na sustentação ao novo regime. Fonte: CPDOC A idéia, no entanto, não foi bem recebida. Anarco-punks do grupo Juventude Anti-Fascista protestaram pacificamente com distribuição de panfletos e apitaço em frente ao local do Congresso. Munidos de faixa com os dizeres "Fascismo nunca mais", os punks discordavam da iniciativa. "O integralismo é um movimento intolerante. Ele quer o extermínio de homossexuais, é contrário à liberdade de religião. Finge que tem um discurso democrático", disse Flávia M. (os punks preferiram não deixar o nome completo por medo de perseguições de Skinheads). O Congresso aconteceu no escritório de eventos da União Nacionalista Democrática (UND), no bairro do Belém, zona leste da capital, cedido pelo advogado Antônio Rivas. O salão amanheceu com a parede de entrada pichada com a inscrição "Fora Fascistas", logo encoberta a tinta branca por Rivas. O advogado explica que a UND tem como fundamento o nacionalismo, princípio compartilhado com a Ação Integralista Brasileira, que organizou o evento. "Nossa entidade tem como fundamento o nacionalismo. Queremos que o Brasil autodetermine seu desenvolvimento, porque nós não temos governantes, nós temos gerentes", disse Rivas. O evento, que deveria iniciar às 8 horas, começou atrasado e os membros da mesa tiveram dificuldades de falar, pois o apito dos punks competia com a aparelhagem de som dos integralistas. Na tentativa de dissipar a manifestação, um dos organizadores do evento, Cássio Rodrigues, tentou o diálogo. "Mussolini, perto de Che Guevara, era um santo", dizia o integralista trajado à Plínio Salgado, com camisa verde, gravata e calça pretas e o distintivo da organização preso na manga. "Não passarão: nazistas e fascistas", rebatiam os punks, utilizando palavras de ordem dos anarquistas da Guerra Civil Espanhola. Sem entendimento possível, a Polícia Militar foi chamada pelos integralistas, mas limitou-se a conversar com os integrantes dos dois grupos. Mesmo assim a troca de farpas continuou. O protesto barulhento dos punks atrapalhou o discurso de Cássio Rodrigues. Mesmo assim, ele prosseguiu: "Temos que levar adiante a missão que nos foi passada pelo chefe Plínio Salgado". Alguns dos participantes do Congresso têm a intenção até de criar o Partido Integralista Brasileiro para isso. Mas a idéia não é unanimidade. Depois da execução do Hino Nacional e do Hino Avante, composto por Plínio Salgado - ouvida em meio ao som dos apitos, a PM retornou ao local e os punks da Juventude Anti-Fascista decidiram ir embora. "Mostramos o que pretendíamos. Fizemos o barulho necessário", disse um deles.

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