Sob pressão, grupo da reforma política antecipa votações

Por Ricardo Della Coletta
Atualização:

Com deputados demonstrando impaciência com o alongamento dos debates, o grupo de trabalho da Câmara encarregado de formular uma proposta de reforma política deve começar a deliberar sobre o tema já na próxima quinta-feira, 29. Na reunião do grupo encerrada no final da manhã desta quinta-feira, 22, o coordenador Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi pressionado por parlamentares, suspendeu a audiência pública marcada para a próxima semana e antecipou a etapa de votações. Ficou acertado que os deputados vão decidir na semana que vem qual o primeiro tema da nova proposta de reforma política que será votado, mas mesmo nisso não há consenso.Parte dos deputados que compõem o grupo participou das discussões de comissão especial que em 2011 tentou costurar - sem sucesso - uma proposta de reforma política na Casa. Ao cobrar mais agilidade nas votações, o argumento deles é que, naquela ocasião, diversas audiências públicas já foram realizadas e proposições sobre determinados temas já estão cristalizadas. "O Vaccarezza não participou do outro grupo. Nós que participamos passamos muito tempo fazendo isso (discutindo) e não temos mais paciência", afirmou ao Broadcast Político, sérvio de notícias em tempo real da Agência Estado, o deputado Marcelo Castro (PMDB-PE), que participou da última da comissão como suplente da bancada peemedebista. "Não podemos ficar eternamente em audiências públicas".A impaciência também foi verbalizada pelo pedetista Miro Teixeira (RJ), que alertou em sua fala que o atual grupo pode estar caminhando para um resultado para inglês ver. "Essa comissão está parecendo alguma coisa para apenas dar uma satisfação à opinião pública, mas isso vai gerar uma profunda insatisfação", afirmou durante a reunião desta quinta. "A minha sensação é de desesperança, porque não percebo a vontade de deliberar para já".Vaccarezza, que havia previsto uma audiência pública para a quinta-feira que vem, reagiu e garantiu que o grupo coordenado por ele vai apresentar resultados. "Existe uma preocupação de não concluirmos os trabalhos e de terminarmos como no outro (grupo). Este vai ter uma proposta de reforma política", prometeu.Mesmo decidindo por um tema para começar a ser votado na próxima semana, não há consenso no colegiado. O representante do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), por exemplo, defende que o tema prioritário seja o financiamento de campanha, empunhando mais uma vez a bandeira de seu partido pelo uso exclusivo de recursos públicos, com validade já para as eleições de 2014. "A melhor forma é concentrar num único tema para 2014 e depois falamos do sistema eleitoral e da propaganda na televisão, que não resolveremos se não enfrentarmos a questão do financiamento", disse o petista.Em outra frente, o tucano Marcus Pestana (MG) rechaçou a tese de que qualquer mudança "significativa" entre em vigor em 2014, enquanto que Marcelo Castro, do PMDB, quer que a votação comece pelo sistema eleitoral.O deputado Guilherme Campos, do PSD de São Paulo, resumiu as dificuldades de se encontrar um "mínimo denominador comum" no grupo, como vem pregando Vaccarezza: "Não existe nenhuma proposta com maioria que seja melhor do que a outra", disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.