Sindicato pede instalação da CPI da Nossa Caixa

O objetivo da CPI é apurar se o bom favoreceu deputados estaduais em troca de apoio ao governo

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Por Agencia Estado
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O Sindicato dos Bancários entregou, à Comissão de Finanças da Assembléia Legislativa de São Paulo, um requerimento pedindo a instalação da CPI da Nossa Caixa. A entrega do documento foi feita em conjunto com um protesto onde os sindicalistas utilizaram óculos escuros e faixas em referência à "vista grossa" que, segundo eles, tem marcado a atuação do governo em relação ao banco estatal. "A CPI seria um instrumento mais democrático de investigação", disse a diretora do sindicato e funcionária da Nossa Caixa, Raquel Kacelnikas. "Eles não querem dar um banho de ética? Então vamos ver", acrescentou, em referência a afirmações feitas pelo ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em sua pré-campanha à presidência da República. A diretora do sindicato informou ainda que a idéia é realizar um novo protesto a cada reunião da Comissão de Finanças, na tentativa de pressionar governistas a aceitarem uma votação para a implantação da CPI. De acordo com ela, a próxima reunião está agendada para terça-feira da semana que vem. "O requerimento que entregamos hoje é apenas mais um documento." Moeda de troca O presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, rebateu, no dia 13 de abril, a acusação do ex-gerente de Marketing Jaime de Castro Júnior, de que tivesse conhecimento sobre a prestação de serviços de publicidade ao banco pelas agências Fulljazz Propaganda e Collucci Associados, sem contratos, por 22 meses. Ao negar o teor do depoimento prestado por Castro Júnior ao Ministério Público, na quarta-feira, Monteiro contradisse o ex-secretário de Comunicação do governo Geraldo Alckmin Roger Ferreira. Ferreira demitiu-se do cargo depois de reveladas suspeitas de que a publicidade do banco era usada como moeda em troca do apoio de deputados estaduais. O caso é objeto de investigação da Promotoria e da Assembléia. Por meio de nota divulgada no dia 12, pouco depois do depoimento de Castro Júnior, que o apontou como responsável pelo esquema de favorecimento, Ferreira atribuiu à Nossa Caixa a ?inteira responsabilidade? sobre suas ações de comunicação: ?Como empresa cotada na Bolsa de Valores, a Nossa Caixa não tem nenhuma subordinação, formal ou informal, no que se refere à comunicação, a nenhuma instância ou pessoa exterior à empresa.? De acordo com Monteiro, o decreto 43.834 de 08/02/1999, que criou a Secretaria de Informação e Comunicação (Sicom), determina que todas as ações de comunicação de órgãos do governo e estatais, inclusive o banco, sejam informadas à Sicom. Ele evitou comentar as declarações de Ferreira, mas insistiu que quaisquer campanhas deveriam ser apresentadas à secretaria, numa operação direta entre a gerência de marketing do banco e o governo estadual.

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