Sindicalistas "cercam" deputados nos aeroportos

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Por Agencia Estado
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A Central Única dos Trabalhadores (CUT) preparou, nesta terça-feira, uma mobilização para convencer os deputados federais a votarem contra o projeto de lei que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Cerca de 2 mil sindicalistas montaram um esforço extra nos aeroportos das principais capitais do País e realizaram manifestação em frente à Câmara dos Deputados. ?Enquanto o projeto não for votado, ficaremos em Brasília?, disse o presidente da entidade, João Felício. Até mesmo o ex-secretário-geral da Presidência envolvido em escândalos Eduardo Jorge foi confundido com um deputado quando desembarcava no Aeroporto Internacional de Brasília. ?Olha, deputado, o senhor vota hoje contra a CLT, mas amanhã quem vota somos nós?, ameaçou um manifestante da CUT. ?Eu nunca pedi voto para ninguém?, reclamou Eduardo Jorge. Já o ministro do Trabalho e autor do texto da proposta , Francisco Dornelles, passou despercebido pelos sindicalistas. Foi notado somente na hora de entrar no carro oficial do ministério. ?Se mexer na CLT, o pau vai comer?, gritavam em coro os manifestantes. ?Deputado, atenção, ano que vem tem eleição?, lembravam outros. Depois de receber rosas dos manifestantes, o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) defendeu a retirada do caráter de urgência do projeto do governo que altera a legislação trabalhista. "O projeto é bom, mas não é prioridade nem do governo. Queremos votar coisas mais importantes", disse Aleluia, ao desembarcar no aeroporto. Aleluia admitiu que a própria base governista não está unida. Sem receber rosas, a deputada Rita Camata (PMDB-ES) também defendeu a retirada da urgência do projeto. Ela disse que tem "dificuldade" em discutir uma legislação trabalhista que exige tempo para ser analisada. Segundo a deputada, o tom da maioria da bancada do PMDB é o mesmo da semana passada, quando em uma reunião foi decidido que o caráter de urgência do projeto deveria ser retirado. "É preciso discutir a reforma tributária e a questão previdenciária. Por que só discutir então a CLT?", questionou Rita Camata. A ?musa? da Constituinte de 1988 não reclamou por ter sido ignorada pelos manifestantes. ?Eu tenho uma relação honesta com eles?, disse. Os representantes dos sindicatos não perceberam a chegada de Rita Camata pois, no momento do desembarque da parlamentar, eles desviaram a atenção para dois homens de óculos escuros que também entravam no saguão naquele momento. Eles, porém, eram empresários. Melhor sorte teve o deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE), que foi carregado nos braços dos manifestantes sob os gritos ?vai sair na Rede Globo. Longe dos holofotes, no entanto, Landim disse que seguiria a determinação do partido. No Congresso Nacional, houve confronto direto entre sindicalistas, seguranças e Policiais Militares. Os manifestantes queriam acompanhar a votação no plenário. Segundo o major Walter Sobrinho, chefe do policiamento, cerca de 250 homens reforçaram, nesta terça-feira, a segurança. Num ato de protesto, alguns manifestantes também tomaram banho no espelho d?água que fica em frente ao Congresso. A situação também esquentou quando João Felício tentou entrar no Salão Verde do Congresso com um habeas-corpus, concedido pelo ministro Sepúlveda Pertence. O documento permitia que Felício e alguns sindicalistas transitassem somente em áreas de circulação pública, o que não inclui o plenário e nem o salão. Os juízes da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho também enfrentaram dificuldades para entrar na Câmara. Só conseguiram depois de apresentar habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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