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Simpatizante do Bolsonaro, presidente do sindicato dos delegados do PR é critico a Lula nas redes

Taborda foi candidato a vereador pelo PSDC em 2016, com o slogan 'caçador de corruptos'; sindicato pediu ontem para que petista seja transferido da carceragem da PF alegando 'transtornos e riscos à população e aos funcionários'

Por Marianna Holanda e Ana Neira
Atualização:

O presidente do sindicato dos delegados do Paraná, Algacir Mikalovski Taborda, que pediu ontem a transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, participou de atos pró-impeachment, chamou apoiadores do petista de “bandidos e canalhas” e aparece ainda abraçado com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em fotos. Taborda foi candidato a vereador pelo PSDC em 2016, com o slogan “caçador de corruptos”.

O sindicato divulgou uma nota ontem pedindo que o ex-presidente seja transferido da carceragem da superintendência da PF em Curitiba, pois sua presença provoca “transtornos e riscos à população e aos funcionários”.

Algacir Mikalovski Taborda, presidente do sindicato dos policiais federais no Paraná, em ato pró-impeachment, em 2016. Foto: Reprodução/Facebook

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O delegado compartilhou, em 26 de março, um vídeo do ato em que Lula foi alvo de ovos no Sul - a legenda do vídeo é “ovada na cara do Luladrão”. Taborda diz: “os vermelhos estão se protegendo. Alguém ainda ouve esse cidadão?”

Mais recentemente, em 9 de abril, compartilha um vídeo no Facebook, de apoiadores de Lula, a quem chama de “bandidos e canalhas” praticando “crimes em prol de uma causa: ver um criminoso solto”.

Em sua foto ao lado do Bolsonaro, publicada no Instagram em 2016, o delegado diz: “Bolsonaro apoiando a nossa PF”. A imagem foi compartilhada em 4 de março, mesmo dia da deflagração da Operação Alethea, que teve alvo o ex-presidente Lula e seu filho, Fábio Luis Lula da Silva.

O presidente do sindicato discursou em cima de um carro de som, em um ato pró-impeachment, há dois anos. “O Brasil está em crise em razão de um grupo de bandidos que manda na Polícia Federal, que manda no poder, que tem o poder na mão”, disse. O vídeo está em seu Facebook.

“A nossa bandeira é verde, amarela, azul e branca”, concluiu sua fala, ovacionado pela plateia. Havia no carro de som uma faixa com os dizeres “Lula na cadeia”.

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No mês passado, Taborda também compartilhou imagens da vereadora Marielle, pedindo comoção também pelos policiais assassinados. 

Em 22 de março, ele questionou: “onde está a indignação da imprensa esquerdopata maldita? Até quando vamos enterrar nossos heróis e aceitar a glorificação dos ícones do malcaratismo e dos defensores da falta de vergonha e dos vagabundos?”.

Postura. Na nota divulgada ontem, o sindicato também pontuou que policiais da carceragem temem pela segurança de suas famílias. “Outros policiais federais e moradores estão informando, extra oficialmente, que temem pela segurança de suas famílias em face das ameaças e presença de tais manifestantes.” Segundo o texto, "há comprovados riscos à população que reside no entorno do prédio da PF, aos policiais federais e demais integrantes do sistema de segurança pública que moram nas imediações da Sede da Polícia Federal".

Após a divulgação da nota do sindicato na quarta-feira, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luis Boudens, avaliou o pedido da entidade como "apressado e sem respaldo dos policiais federais". Se livrar de um problema, segundo disse, não é a postura mais adequada.

"Cada deslocamento gera custos para os cofres públicos e uma enorme demanda de pessoal, além de aumentar a possibilidade de confrontos e situações de embate entre grupos de apoiadores e de contrários ao ex-Presidente", afirmou Boudens.

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