Simone Tebet diz que MDB precisa ter humildade para dizer que errou

Pré-candidata à disputa da presidência do Senado como oposição a Renan Calheiros, emedebista apoia voto aberto na eleição

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Por Renan Truffi
Atualização:

BRASÍLIA - Adversária de Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa pela Presidência do Senado, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem adotado um discurso de renovação e autocrítica no partido. Nas palavras dela, o MDB precisa ter a "humildade" de dizer que errou e deixar o fisiologismo para trás. Nesse caminho, a emedebista diz que vai apoiar o voto aberto na eleição para presidente do Senado, considerado o "calcanhar de Aquiles" de Renan.

"Eu não tenho problema nenhum em votar aberto porque aí é a soberania do Plenário. O que eu discuto é determinados poderes interferirem no Senado", disse. "Eu voto aberto, independente, de qualquer coisa, sendo ou não candidata. Agora vamos ver o que o Plenário vai decidir", complementou.

Simone Tebet (PMDB-MS) Foto: André Dusek/Estadão

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Filha do ex-senador e ex-presidente do Senado Ramez Tebet, Simone trava uma disputa interna para repetir a trajetória dele. Para isso, diz querer "resgatar a escola" de seu pai e de outros nomes históricos do partido, como o ex-senador Pedro Simon e ex-constituinte Ulysses Guimarães. Antes disso, diz a senadora, o MDB como um todo precisa admitir que tomou caminhos equivocados e errou.

"Temos que ter a humildade de dizer que nós erramos, nós optamos, muitas vezes, por caminhos equivocados, não é A, B ou C. Não é a velha política contra a nova política. É o MDB e ponto. Não dá para colocar a culpa em A,B ou C, acho que a gente tem que dizer o seguinte: o MDB errou e precisa buscar o caminho de casa." 

Estadão/Broadcast: Como candidata, qual a posição da senhora sobre o voto aberto na eleição para presidente do Senado?

Simone Tebet: Para mim, tanto faz se o voto é aberto ou fechado, mas defendo que o Plenário é soberano. Isso é praxe, já tem jurisprudência. Se qualquer um questiona, a Mesa decide. Se não houve concordância com a Mesa, recorre para Plenário e o Plenário é soberano e decide sobre voto aberto. Eu voto aberto independente de qualquer coisa, sendo ou não candidata. Agora vamos ver o que o Plenário vai decidir.

Estadão/Broadcast: Então se essa questão pelo voto aberto for levantada na sessão que vai eleger o novo presidente do Senado, a senhora vai apoiar?

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Simone Tebet: Sim, eu não tenho problema nenhum em votar aberto porque aí é a soberania do Plenário. O que eu discuto é determinados poderes interferirem no Senado. Mas o Plenário, os senadores, com maioria, podem decidir tudo que não for contrário à Constituição.

Estadão/Broadcast: A senhora vai atuar para que o voto seja aberto na eleição para presidente da Casa?

Simone Tebet: Eu não preciso trabalhar porque, na realidade, eu já sei que vão entrar com pedido (pelo voto aberto) e com recurso para levar a discussão para Plenário. Aí é abrir o painel e votar (a favor ou contra). Não tem a ver com orientação de liderança de bancada, aí é cada senador com sua consciência. Não tem essa coisa de como orienta determinado partido. Será uma escolha pessoal de cada parlamentar. 

Estadão/Broadcast: A senhora acha que a quantidade de candidaturas no Senado mostra que, talvez, o nome do Renan Calheiros não seja mais tão forte quanto em outras disputas? 

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Simone Tebet: Eu sou concorrente do Renan dentro da bancada. Eu não poderia responder sem, no mínimo, parecer tendenciosa. Qualquer resposta que eu dê, é tendenciosa porque estou disputando contra ele, é o candidato oposto.

Estadão/Broadcast: É possível reconectar o MDB com as ruas, mesmo tendo figuras ligadas à velha política, como o Renan Calheiros? 

Simone Tebet: Não tem senador sem voto, não tem político sem voto. É sinal de que uma parte (dos eleitores do MDB) acha que é preciso renovação e outra parte acha que é preciso experiência. Agora o MDB tem que ter entendido o recado das urnas, nós saímos de um partido que tinha 18 senadores para 12. Na Câmara, a mesma coisa. Isso significa que nós temos que entender que a rua quer que o MDB se renove e acho que é este também o meu papel, é por isso que alguns companheiros me apoiam. Acho que nós temos condições de restabelecer o MDB com aquela imagem do ideológico, democrático, em defesa de políticas públicas, de desenvolvimento do País, sem fisiologismo, sem pragmatismo, mas defendendo ideias e programas. Este é o papel das pessoas que estão chegando no partido e do qual eu comungo. Essa foi sempre a minha escolha. Eu aprendi a fazer política e entrei na política porque ficava extasiada na frente da televisão vendo os discursos de Ulysses Guimarães, depois ouvindo as conversas do meu pai com o Pedro Simon. É esta a escola que eu tenho e que muitos companheiros do MDB têm. A gente precisa resgatar isso. 

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Estadão/Broadcast: Para a senhora, a redução das bancadas do MDB no Congresso é a maior expressão do recado das urnas?

Simone Tebet: Sim, mas mais do que isso, Renan. Precisa ficar claro na minha fala que, mais do que nomes, acho que o MDB como um todo, eu, todos nós erramos. Temos que ter a humildade de dizer que nós erramos, nós optamos, muitas vezes, por caminhos equivocados, não é A, B ou C. Não é a velha política contra a nova política. É o MDB e ponto. Não dá para colocar a culpa em A,B ou C, acho que a gente tem que dizer o seguinte: o MDB errou e precisa buscar o caminho de casa.

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