O senador Pedro Simon (PMDB-RS) informou nesta quinta-feira, 25, que subirá à tribuna esta tarde para pedir ao presidente do Senado, senador José Sarney (PMDB-AP), que se licencie do cargo. O senador gaúcho explicou que tomou a decisão de fazer o pronunciamento após a nova denúncia publicada em O Estado de S. Paulo, segundo a qual um neto de Sarney - José Adriano Cordeiro Sarney - é um dos operadores do esquema de crédito consignado para funcionários da Casa.
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Simon antecipou à Agência Estado que defenderá, no discurso de hoje, que a "solução ideal" é que todos senadores integrantes da Mesa Diretora da Casa se afastem dos cargos. O senador gaúcho avalia que Sarney será sensível ao seu apelo, porque "tem inteligência política e experiência suficientes para saber que, quando as coisas começam assim, não param mais."
Na opinião de senadores, a denúncia é grave. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que a situação de Sarney com a nova denúncia caminha para a "inviabilidade". O senador voltou a cobrar respostas imediatas e drásticas por parte de Sarney. "Não sei se é licença ou renúncia. Mas ele está indo mal e precisa responder com urgência. O que se desenha é uma crise institucional. Creio que seja a maior que já vi depois da ditadura militar. É uma crise maior que a do mensalão, porque envolve agora um poder mais fraco do que o Executivo", ressaltou.
Na opinião de Virgílio, a ligação de um neto de Sarney com empréstimos consignados é mais grave do que a participação do ex-diretor João Carlos Zoghbi no esquema - a Polícia Federal já investiga a atuação do servidor por meio de uma empresa em nome de uma ex-babá. "É mais agravante, no caso do Sarney, porque envolve um componente familiar, no caso, o neto", disse.
O PSOL estuda entrar com uma representação contra Sarney ainda nesta quinta. A presidente do partido, Heloisa Helena, se reuniu pela manhã com o senador José Nery (PSOL-PA) e a deputada Luciana Genro (PSOL-RS) para analisar o tipo de representação que será formulada - se será um pedido de cassação de mandato ou para a saída dele do cargo.
"É uma situação muito difícil porque há conflito de interesses", disse a senadora Marina Silva (PT-AC). Sarney ainda não foi ao gabinete nesta manhã, mas a assessoria informa que ele irá ao Senado sem dar previsão de horário. A Casa está esvaziada devido às festas juninas do Nordeste.
(Com Eugênia Lopes e Denise Madueño, de O Estado de S. Paulo)