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Simon pede renúncia e é atacado por Collor

Citado pelo gaúcho, ex-presidente mandou-o ''engolir'' o que disse

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Por Leandro Colon e Eugênia Lopes
Atualização:

Os aliados do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), deram mostra ontem de disposição para a briga ante as crescentes pressões pela renúncia do parlamentar ao posto. A sessão foi marcada por intenso bate-boca entre Pedro Simon (PMDB-RS) e o líder de seu partido na Casa, Renan Calheiros (AL), com intervenção enérgica de Fernando Collor (PTB-AL), antigo desafeto de Sarney, hoje aliado para todas as horas. Veja bate-boca entre Pedro Simon, Renan Calheiros e Fernando Collor Ao pedir a saída de Sarney do cargo antes da reunião do Conselho de Ética, marcada para amanhã, Simon foi interpelado pelo líder Renan. "Desde que o partido decidiu indicar o José Sarney a vice-presidente da chapa do Tancredo Neves, o sr. fala mal dele porque queria ter sido indicado", afirmou o senador alagoano. "Mentira", rebateu Simon. Isso foi só o começo. O plenário ainda estava vazio. Simon disparou: "Senador Renan, quando presidente, com dois pedidos de seu afastamento, renunciou à presidência e garantiu o mandato. Agora está recomendando o contrário para o presidente Sarney. Por que serviu para ele e não serve aqui?" Renan devolveu. "No começo da crise, o senhor foi ao gabinete do presidente Sarney dizer que estava solidário com ele. Porque, lamentavelmente, faz isso sempre no particular e vem para a tribuna do Senado defender aquela posição que imagina que a sociedade está a defender", disse. CHINA Simon citou uma famosa reunião na China, em que alagoanos selaram o apoio à candidatura de Collor à Presidência, em 1989. "V. Exª foi lá na China e fez o acordo com o Collor. Foi dos homens que estiveram com o Collor..." Renan rebateu: "Eu não me envergonho de nada que fiz, diferentemente de V. Exª..." O senador gaúcho arrematou: "Na véspera do Collor ser cassado, V. Exª largou o Collor. Tchau, tchau!" Em meio ao bate-boca, Collor deixou seu gabinete, pegou o elevador e chegou correndo ao plenário. Nervoso, puxou o microfone, levantou a sobrancelha e pediu a palavra, lembrando o Collor de 1989. O ex-presidente da República, que teve o mandato presidencial cassado pelo Senado em 1992, reagiu: "As palavras que o senhor acabou de pronunciar são palavras que não aceito. Quero que o senhor as engula agora, as digira e faça delas o uso que vossa excelência julgar conveniente." Depois, Collor defendeu a permanência de Sarney. "Esta Casa não pode e não haverá de se agachar ao interesse da mídia, que deblatera, como o senhor deblatera, como parlapatão que é. Ela não conseguirá retirar o presidente José Sarney desta cadeira." CARNE A intervenção foi comemorada por Renan e por Geraldo Mesquita (PMDB-AC). O líder voltou a provocar, insinuando que Simon cometeu irregularidades na importação de carne, quando ministro da Agricultura de Sarney, citando a empresa Pôr do Sol. "Tivemos uma importação de carne defeituosa", disse. Simon, de novo, chamou o colega de mentiroso. Uma força-tarefa chegou para apoiar o senador gaúcho. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), saiu em sua defesa. Renato Casagrande (PSB-ES) protagonizou um rápido bate-boca com Renan. Ele foi o relator de um dos processos de cassação do cacique alagoano, em 2007. Casagrande pediu ontem abertura de investigação contra Sarney, fazendo analogia com a situação de Renan. Aliado de Simon, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) solicitou a retirada do termo "engolir" usado por Collor. Da tropa de Sarney, Mão Santa (PMDB-PI), que presidia a sessão, alegou que a expressão não era pejorativa. E Collor avisou: "Não retiro uma palavra do que aqui disse."

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