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Simon denuncia tentativa de ´melar´ cassações

Por Agencia Estado
Atualização:

Ao afirmar que a bancada do PMDB está disposta a investigar o envolvimento do presidente nacional do partido e do Congresso, senador Jader Barbalho (PA), em irregularidades na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e no Banco do Estado do Pará (Banpará), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) denunciou hoje, na tribuna do Senado, uma tentativa de "melar" as possíveis cassações dos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF), evitando também uma punição futura para o paraense. Simon não disse quem seriam os autores dessa estratégia. "Eu garanto que o Antonio Carlos não é disso. O Jader garanto que não. Mas as pessoas intermediárias..." O parlamentar voltou a dizer que rechaça qualquer tentativa de acordo nesse sentido. "O acordo não existe, em hipótese nenhuma." Há alguns dias, falhou uma tentativa de montar uma "operação abafa", que envolveria PMDB, PSDB e PFL. Com ela, esperava-se pôr um fim ao escândalo da violação do painel eletrônico e evitar mais desdobramentos da crise. Simon discursou na tribuna do Senado hoje pela manhã e condenou a idéia de tentar atrelar o caso que envolve ACM e Arruda às denúncias contra Jader, buscando punições para todos eles. "Ninguém quer votar no ACM e no Arruda pensando no Jader. Cada caso no seu momento; cada assunto no seu tempo." O PMDB, assegurou, terá a mesma disposição para investigar todos os nomes, "sejam eles quais forem". Mais tarde, o senador comentou que existe a tentativa de misturar as coisas e as fazer terminar sem punições. "Tem gente aqui tentando melar e não fazer nada." Para ele, o "tempo certo" para investigar Jader será durante uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) com o objetivo de investigar corrupção, que deve ser aberta nos próximos dias. O senador gaúcho ressaltou, porém, acreditar que a comissão não pode ter o formato proposto pela oposição, que, inicialmente, queria investigar 28 pontos. "A minha experiência me diz que, com 28 casos, nós não vamos investigar coisa nenhuma." Ele defende o estabelecimento de prioridades além das que começaram a ser discutidas pelos partidos que pediram a CPI. "No caso do Jader, é melhor decidir entre o Banpará e a Sudam e acho que deve ser Sudam", acredita. "No caso do Antonio Carlos, é tanta coisa que não dá nem para discutir. Com relação ao governo, acho que tem de ser ou o Eduardo Jorge (Caldas Pereira, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República) ou a história das privatizações." Depois de analisados esses casos, diz Simon, a comissão poderia discutir a possibilidade de novas investigações. Palanque 2002 O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) também confirmou a disposição de investigar Jader. "É claro que nós queremos investigar. No próximo ano, nós vamos estar no palanque", lembrou. "Eu sou favorável às investigações sobre qualquer nome e isso inclui o presidente do meu partido." O parlamentar paraibano foi menos incisivo, entretanto, no que se refere às tentativas de evitar as punições no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. "O Pedro Simon é um parlamentar muito sério, mas eu não gosto quando ele diz que ´tem gente´ tentando fazer isso. Eu não conheço ningúem." Em seguida, o senador afirmou que sabe apenas da estratégia dos aliados de Magalhães de tentar "salvar a pele" dele. "Eu acho que isso é um direito deles." Os integrantes do bloco de ACM têm negado qualquer tentativa nesse sentido. Jader não comentou as afirmações de Simon. As declarações do presidente do Senado feitas no plenário, na terça-feira, segundo um assessor, são as que continuam valendo. Naquela ocasião, Jader disse que pediria o fim da própria imunidade parlamentar - o que não é possível - e aceitaria ser investigado.

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