Sessão é marcada por bate-boca e ameaças

Renan acusa Heloísa de sonegação e faz insinuações contra Péres e Simon

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Por Eugênia Lopes , Ana Paula Scinocca , Cida Fontes e Denise Madueño
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Brasília - Terminou em bate-boca entre o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e a presidente do PSOL, Heloísa Helena, a sessão que livrou o presidente do Senado de ter o mandato cassado. Depois de ler seu discurso de defesa, já no fim da sessão, Renan resolveu falar de improviso e, segurando com a mão uma folha de papel, acusou Heloísa Helena de sonegar o pagamento de impostos em Alagoas. A ex-senadora reagiu imediatamente: "Mentira, mentira!" "É, sim, sonegadora", berrou Renan. "Você tem de passar água oxigenada na boca antes de falar de mim", continuou o senador. "Lave a sua com água sanitária", respondeu Heloísa, que assistiu à sessão da tribuna de honra. As intimidações continuaram. O alvo seguinte foi Jefferson Péres (PDT-AM). "Eu poderia ter contratado a Mônica (Veloso) como funcionária do meu gabinete. Mas não o fiz." Péres ouviu calado. Pedro Simon (PMDB-RS) também não escapou. Olhando diretamente para ele, Renan afirmou: "A Mônica Veloso tem uma produtora. Eu poderia ter contratado a produtora dela para fazer um filmete e pendurar a conta na Secretaria de Comunicação do Senado. Eu não fiz isso." Simon ficou calado. Mais cedo, Renan teve um entrevero com Demóstenes Torres (DEM-GO). Em seu discurso pró-cassação, Demóstenes classificou de "burra" a defesa do presidente do Senado, por ter entregue ao Conselho de Ética documentos considerados cheios de falhas pela Polícia Federal. "Respeito", exigiu Renan, que ficou durante toda a sessão sentado na primeira fila do lado esquerdo do plenário. Da tropa de choque do presidente do Senado, Almeida Lima (PMDB-SE) optou por defendê-lo atacando a imprensa. Único dos três relatores no Conselho de Ética a pedir o arquivamento do processo, Almeida Lima afirmou que a disputa não era entre Renan e o Senado, mas entre a instituição e a mídia, que classificou de "abjeta, desqualificada, torpe e impudica". "Qual Senado queremos. Um Senado covarde, amedrontado, acocorado diante de uma imprensa nacional que quer nos substituir?", indagou. Uma das defesas mais veementes de Renan foi feita por Francisco Dornelles (PP-RJ). "Está em julgamento um possível crime contra a ordem tributária que só poderá ser investigado em outro plano, do processo administrativo fiscal contra o contribuinte e não no Senado", disse Dornelles. "Condenar por eventual crime contra a ordem tributária pode criar um precedente perigoso que pode atingir outros senadores", alertou. A líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), foi outra que saiu em defesa de Renan. "O ônus da prova cabe a quem acusa", observou, segundo um dos parlamentares presentes à sessão. "O grande erro do Renan foi apresentar documentos. E onde é que está a prova de que a Mendes Júnior pagou? O conselho não investigou", disse Ideli.

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