''Servidores se ajoelhavam, choravam''

Essa foi justificativa de subdiretor para crédito consignado acima do limite

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Por Redação
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Os depoimentos do próprio João Carlos Zoghbi e do subdiretor de pagamento de pessoal, João Paulo Cobucci, confirmam que o Senado autorizava empréstimos acima do limite de 30% do salário. O Estado teve acesso ao que eles disseram à sindicância. Zoghbi alegou que uma "margem adicional" era concedida "toda vez que o servidor tinha algum problema pessoal mais grave". "O que era historiado por tal servidor para justificar a suplementação de sua margem pelo Senado", relata a transcrição do depoimento. João Paulo Cobucci justificou na sindicância que "servidores insistiam, imploravam, se ajoelhavam e choravam para obter aumento da margem". O subdiretor confessa que ele mesmo alterava os dados do sistema da folha de pagamento do Senado. "Sobre se concedia pessoalmente aumento de margem, disse o declarante que chegou a fazê-lo em muitos casos", relata o servidor que colheu seu depoimento, que faz parte do processo contra Zoghbi. DOCUMENTO FALSO Pelas declarações, o próprio Cobucci responde a uma investigação dentro do Senado. De acordo com o depoimento, o subdiretor reconhece "que fornecia um documento que não retratava a realidade". Segundo Zoghbi, pelo menos 10% dos servidores do Senado conseguiram o benefício, confirmando a quantidade de mil funcionários que teriam obtido essa vantagem. Na sexta-feira, o Estado procurou Cobucci no Senado, mas ele não foi localizado. A reportagem esteve por três vezes na casa de Zoghbi, no Lago Sul, em Brasília. Em rápida conversa na garagem, ele foi informado de que o jornal publicaria uma reportagem sobre o trabalho dele no Senado e o relatório da comissão de sindicância. Zoghbi preferiu não se manifestar. "Imprensa, não", limitou-se a dizer.

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