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Servidores em greve da Assembléia-AL impedem sessão

Por RICARDO RODRIGUES
Atualização:

Centenas de funcionários da Assembléia Legislativa de Alagoas impediram hoje, pelo segundo dia consecutivo, a realização da sessão plenária, em protesto contra o não-pagamento de salários atrasados. Em greve desde o início da semana, os funcionários ocuparam as escadarias do prédio da Associação Comercia de Maceió, no bairro de Jaraguá, onde são realizadas, provisoriamente, as sessões da Assembléia Legislativa, impossibilitando o acesso dos deputados estaduais e assessores. Os manifestantes dizem que o boicote às sessões continuará até que a Mesa Diretora da Assembléia pague as remunerações atrasadas, conforme acordo firmado com o Sindicato dos Trabalhadores do Poder Legislativo do Estado de Alagoas (STPLAL), em junho. O boicote às sessões da Casa conta com o apoio do Movimento Social de Combate à Corrupção e à Criminalidade em Alagoas (MSCC), que é dirigido por líderes sindicais e comunitários, além de representantes dos Sindicatos dos Policiais Civis (Sindpol/AL) e dos Policiais Federais de Alagoas (Sinpofal), professores da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e integrantes de outras entidades da sociedade civil organizada. Segundo presidente do Sinpofal, Jorge Venerando, as manifestações continuarão, até que o presidente interino do Legislativo, Fernando Toledo (PSDB), cumpra a promessa que fez aos servidores, de pagar as folhas salariais atrasadas. O presidente do STPLAL, Ernandi Malta, afirmou que a categoria está disposta a ir às últimas conseqüências para assegurar os direitos. "Ou os deputados que fazem parte da Mesa Diretora cumprem o acordo ou a Assembléia permanecerá fechada", declarou. A pedido de Toledo, o deputado Alberto Sextafeira (PSB) tentou negociar com os servidores, mas não obteve êxito. "Só trataremos dessa questão com o presidente", afirmou o presidente do STPLAL. Malta informou também que os servidores do Parlamento receberam o pagamento referente a junho, porém, apenas cerca de 400 funcionários tiveram o reajuste prometido pela presidência. Reajuste "Esse reajuste foi dado ao bel-prazer. Só recebeu quem aceita propina para continuar trabalhando, defendendo os interesses dos deputados", denunciou. Alguns parlamentares participaram do ato em apoio aos servidores. Os deputados Judson Cabral (PT), Paulo Fernando dos Santos (PT), mais conhecido como Paulão, George Clemente (PSB), Dino Filho (PT do B) e Flaubert Filho (PTB) mostraram-se favoráveis às reivindicações dos trabalhadores. O presidente interino da Assembléia Legislativa de Alagoas não compareceu para comentar o protesto dos servidores, mas informou, por meio da assessoria, que a sessão plenária de amanhã está marcada para acontecer no horário regimental, a partir das 15 horas. Apesar de apoiar a reivindicação dos servidores, Paulão destaca os prejuízos do boicote. "O resultado dessa mobilização é um grande prejuízo. Matérias importantes que deveriam ser debatidas ficam mais atrasadas do que já estão, a exemplo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), dos pleitos dos professores da Uneal, dos delegados da Polícia Civil e dos trabalhadores do Fisco", afirmou. O deputado estadual do PT disse também que alguns deputados teriam cogitado a possibilidade de realizar a sessão no auditório do Tribunal de Contas do Estado (TCE). "Isso seria inconstitucional, não teria validade nenhuma", afirmou. Paulão comentou ainda a adoção do Plano de Cargos e Carreiras dos servidores, afirmando que, na atual realidade, não há condições do estabelecimento na totalidade. "Mas, se só uma parcela recebeu o reajuste que havia sido prometido, uma anomalia ocorreu, e ela precisa ser solucionada." Ele ainda mencionou uma operação que teria sido arquitetada por alguns deputados. "Recebi a informação de que queriam inocentar o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) esta tarde, caso houvesse sessão", disse. "Se isso tivesse acontecido, seria um atentado contra a democracia, já que nenhum deputado teve acesso ao processo da Operação Navalha", complementou. Vilela Filho foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), dentro desta operação, acusado de ter recebido propina da Construtora Gautama.

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