Servidores da área de cultura protestam no Rio

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Por Alfredo Junqueira
Atualização:

Servidores federais da área de cultura se caracterizaram como personagens de peças de Nelson Rodrigues e promoveram manifestação para protestar contra o abandono do setor, nesta quarta à tarde, no centro do Rio.Os funcionários, que não estão em greve, cobram o cumprimento de acordos salariais e de planos de cargos firmados com o governo federal em 2007 e 2011. Os reajustes pedidos chegam a 78%.O protesto "Para Dilma, a Cultura é bonitinha, mas ordinária" reuniu cerca de 100 pessoas em frente ao Teatro Glauce Rocha, onde há uma exposição e uma mostra de peças em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Outras faixas também faziam referências a obras do escritor. "Cultura: A Falecida!", "Toda a nudez será castigada. Cultura está descamisada".Além de Dilma, os manifestantes também protestaram contra a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, responsável no governo federal pelas negociações com os servidores. Vice-presidente da Associação dos Servidores do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), o museólogo Andre Angulo disse que há uma evasão de 53% de servidores federais na área da cultura e que os salários do setor são os mais baixos. "O salário inicial é de cerca de R$ 3,1 mil. Ninguém quer ficar. A iniciativa privada acaba levando os quadros formados no serviço público", queixou-se Angulo. Para ele, os compromissos assinados pelo governo "estão no lixo".Além dos reajustes, o servidores cobram a racionalização e padronização de cargos, titulações para funcionários de nível superior e gratificação de qualificação para o pessoal de nível médio."Estamos aqui para denunciar o descaso do governo com a cultura. Esse reajuste salarial oferecido (15,8% em três parcelas) é ridículo. Uma verdadeira esmola", protestou a presidente da Associação dos Servidores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Zulmira Porto. "Nós não somos mendigos. Somos nós que protegemos e preservamos a cultura brasileira".O objetivo dos servidores da cultura é chamar a atenção com protestos temáticos. Na semana passada, eles fizeram outro ato em frente ao Museu da República, no Catete, antiga sede da Presidência da República, onde o então presidente Getúlio Vargas se matou em 24 de agosto de 1954. Na manifestação, os funcionários usavam pijamas similares ao de Vargas.

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