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Serraglio admite que mudou texto do relatório por pressão política

Ele reconhece que a pedido de um parlamentar do PFL retirou o nome de Armando Ferreira da Cunha e o do ex-deputado João Leite Neto

Por Agencia Estado
Atualização:

Ao rebater as críticas feitas pelo PT às mudanças de última hora apresentadas ao relatório da CPI dos Correios, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) admitiu que algumas alterações atenderam a reivindicações de políticos. O relator reconheceu que retirou o nome de Armando Ferreira da Cunha e o do ex-deputado João Leite Neto do item do relatório que trata de franquias a pedido de um parlamentar do PFL, que preferiu não divulgar. Armando e João Leite são ligados à franquia Tamboré, em São Paulo. "Retiramos os nomes, mas não os excluímos das investigações que pedimos ao Ministério Público. Foi um parlamentar do PFL que me procurou e suscitou que houve uma visão concentrada em cima de uma franquia, a Tamboré, que não estava sendo tratada de forma equânime no relatório", disse Serraglio. Momentos antes do relatório final ser votado ontem pela CPI, o relator apresentou 35 alterações, retirando o pedido de indiciamento de, pelo menos, uma dezena de pessoas envolvidas em supostas irregularidades com o sistema de franquias dos Correios, o Instituto de Resseguros do Brasil e o mensalão. Os petistas alegaram que essas alterações feitas por Serraglio somam R$ 1 bilhão. Ao defender as alterações feitas às pressas em seu relatório, Serraglio justificou que retirou o pedido de indiciamento do vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade, com base no voto em separado apresentado pelo PT. "Inclui algumas coisas que consegui identificar no voto do PT. Foi o caso da retirada do pedido de indiciamento do Clésio e a inclusão do grupo Opportunity no relatório. Além disso, o Clésio Andrade foi colocado no relatório a partir de uma quebra de sigilo que não tínhamos", argumentou. Serraglio disse ainda que retirou dos pedidos de indiciamento o nome do ex-presidente do Banco Brasil Cássio Casseb porque o crime estava prescrito. "Foi um erro jurídico", observou. Ele explicou que o atual presidente dos Correios, Jânio Pohren, fazia parte da lista de pedidos de indiciamentos por ter participado, em 2000, de uma comissão de licitação da estatal que não detectou a apresentação de certidão falsa de uma empresa. Na última hora, o relator retirou os nomes dos integrantes dessa comissão da lista de indiciados. Serraglio afirmou ainda que ex-diretores do IRB, que tiveram seus nomes retirados dos pedidos de indiciamento, continuarão a ser investigados pelo Ministério Público. Um dia depois da aprovação de seu relatório, Serraglio aproveitou para fazer um desabafo e criticar o PT por ter apresentado um relatório paralelo. Disse que o partido não apresentou pontualmente as mudanças que pretendia fazer em seu relatório e que nunca quis, de fato, chegar a texto consensual. "Eles (petistas) tentaram me cozinhar e me enrolar. Eles vinham trabalhando para que a votação do relatório não acontecesse", disse Serraglio.

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