Serra quer lei que limite ação do presidente na campanha

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Por Andrea Jubé Vianna
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Em discurso às lideranças e aliados presentes no encontro nacional do PSDB, convocado para dar largada ao segundo turno da campanha tucana, o candidato à Presidência José Serra fez críticas duras ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à sua adversária, Dilma Rousseff (PT), sem no entanto, citar expressamente seus nomes. As críticas foram indiretas: ele afirmou que, se for eleito, não fará ameaças à oposição e defendeu a aprovação de uma lei que regulamente a conduta do presidente da República nas campanhas eleitorais."Com o apoio do Congresso Nacional vamos aprovar um marco para regulamentar a participação dos chefes de Executivo nas campanhas eleitorais", prometeu Serra. Ele citou o exemplo do senador Tasso Jereissati (PSDB) que não conseguiu se reeleger no Ceará. Serra atribuiu a derrota de Tasso a uma disputa desigual imposta pelo presidente Lula, que para a oposição excedeu os limites do cargo ao atuar como cabo eleitoral nessa eleição.Num recado claro ao presidente - mas sem mencionar seu nome -, o tucano afirmou que respeitará a oposição em seu eventual governo e fez duras críticas indiretas a Lula, que em Santa Catarina pediu aos eleitores que ajudassem a "extirpar o DEM" da política nacional. "Nunca tratei, não trato e não vou tratar oposição como inimiga da Pátria. Nenhuma força política vai ser dizimada ou ameaçada de liquidação", disse Serra.AbortoO tucano também aproveitou para alfinetar Dilma, que perdeu milhões de votos ao dar margem a dúvidas sobre suas posições a respeito de determinados assuntos, sensíveis à sociedade civil, como religião e aborto. "O eleitor vai avaliar o que cada um fez, o que pensa e o que fará. E se cada candidato tem duas caras. Eu tenho uma só", concluiu.Ele acusou Dilma de mudar de opinião, como na polêmica sobre o aborto. Nesse momento, incorreu em ato falho, dizendo-se, equivocadamente, favorável ao procedimento. "Nunca disse que o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) me agrada, nunca disse que sou contra o aborto, porque sou a favor. Quero dizer, nunca disse que sou a favor do aborto, porque sempre fui contra", corrigiu-se, imediatamente. "Errado é querer enrolar, diz uma coisa, depois diz o contrário."Ex-presidentesNum discurso que se estendeu por 40 minutos, Serra fez elogios ao ex-presidente Itamar Franco - eleito senador por Minas Gerais - e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que até então mantinha longe de sua campanha. Serra também criticou o estilo de governar do PT que, segundo ele, aparelha a máquina pública, e afirmou que o brasileiro não admite mais esse tipo de conduta dos políticos. Ele atribuiu a esse sentimento de insatisfação a desenvoltura de Marina Silva (PV) nas ruas. Elogiou a dignidade da candidata e atribuiu seu desempenho aos valores que ela defendeu na campanha, como ética, honestidade e lisura."Governantes fazem o que querem, como querem, na hora que querem. As pessoas querem um governo que respeite as instituições, as leis, a liberdade. Não querem um governo de santinhos, mas de gente séria", concluiu.

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