Serra dará a última palavra em mudança no secretariado

Objetivo é remodelar equipes no governo e na Prefeitura de acordo com projeto presidencial

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Por Julia Duailibi
Atualização:

Com a disputa eleitoral encerrada, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), passa ser o principal fiador das mudanças que serão feitas no primeiro escalão do governo de Gilberto Kassab (DEM). De olho em 2010, o tucano aproveitará a dança das cadeiras na equipe municipal para fazer um rearranjo em seu time e deixá-lo "calibrado" para encarar a eleição presidencial. As alterações no secretariado de Kassab servirão para acomodar partidos que o apoiaram na disputa, desalojar aliados que se afastaram durante a campanha e alçar aqueles que desempenharam papel significativo na eleição. Devem ocorrer antes de 1.º de janeiro, quando começa o segundo mandato. Essas mudanças terão um reflexo pontual na equipe de Serra - com o embarque no time do tucano, por exemplo, de nomes que compuseram a equipe de Kassab. No xadrez das novas nomeações, Serra e Kassab se moverão juntos, atentos à composição de forças para 2010. A aliança entre o tucano e o democrata, "inquebrantável" depois da vitória de ontem, segundo um secretário de Serra, foi simbolizada pela ida dos dois juntos ao Colégio Santa Cruz, onde ambos votam. Kassab passou para buscar Serra em sua casa. Pouco antes, brincou com a fama do governador de dormir até tarde, dizendo que ligaria para acordá-lo. Chegaram juntos e exibiram o "v" de vitória. Mas Serra desconversou sobre 2010. "As eleições de 2010 estão muito longe. Não estou preocupado com as eleições para Presidência, mas com a cidade de São Paulo, que ela continue a ter uma administração de qualidade. Esse é o essencial. Eleição está muito longe, nós não estamos ligados nisso", disse Serra ao chegar para votar ao lado de Kassab. O governador, no entanto, destacou a aliança entre os dois: "A nossa aliança e o conjunto delas saem fortalecidos porque é a garantia da continuidade de uma excelente parceira". Até agora, a alteração mais provável na equipe de Kassab é a saída de Andrea Matarazzo, atual secretário de Coordenação das Subprefeituras. É possível que ele deixe a prefeitura para assumir uma cadeira no governo Serra. Embora o prefeito elogie a atuação de Matarazzo no governo, a relação entre os dois se deteriorou durante as eleições, quando o tucano manteve papel discreto na defesa da candidatura do prefeito. Além disso, é certa a entrada do PMDB no secretariado e/ou em uma subprefeitura. O mais provável é a ida de Alda Marco Antonio, eleita vice-prefeita de Kassab, para a pasta da Assistência Social. A princípio, os tucanos mais fortes da administração Kassab, Alexandre Schneider (Educação), Januário Montone (Saúde) e Clóvis Carvalho (Governo), continuam na prefeitura. Só sairão se convocados para o governo Serra. Fortalecido com o resultado das urnas, o prefeito não deve mexer nos aliados kassabistas "puros-sangues": Marcelo Branco (Infra-Estrutura), Orlando Almeida (Habitação) e Alexandre de Moraes (Transportes). No secretariado estadual, além de acomodar Matarazzo, podem haver mudanças nas secretarias de Segurança e de Transportes Metropolitanos, afirmam aliados do governador. As pastas de Assistência e Desenvolvimento Social e Esporte também podem vir a acomodar novos nomes. Por fim, não está descartada uma alteração na equipe econômica de Serra, desde que, e somente se, Francisco Luna não queira ficar no Planejamento até o final do mandato. Nesse caso, Manuelito Magalhães, secretário de Planejamento de Kassab e muito próximo de Serra, poderia ir para o Estado. A vitória de Kassab aumenta o calibre do DEM na discussão para o governo de São Paulo em 2010. Serra precisa de um nome forte no Estado, mas, por enquanto, o partido é contra abrir mão da cabeça-de-chapa. O DEM ficaria com a vice ou com uma das vagas para o Senado, com Guilherme Afif Domingos. A outra é Orestes Quércia (PMDB). A fatura para o DEM já está mais do que paga, diz um secretário de Serra.

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