Serra continua em silêncio sobre candidatura

Por Agencia Estado
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Às vésperas da decisão do PSDB sobre o candidato que representará a legenda nas eleições presidenciais deste ano, o prefeito da Capital, José Serra, resolveu permanecer fiel ao silêncio que vem adotando desde o início da disputa interna travada entre os defensores de sua indicação e os do governador Geraldo Alckmin, pré-candidato já declarado. "Acabamos (a coletiva) por aqui", foi a reação do prefeito, após abertura da 19ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em resposta às indagações sobre seu futuro político, que envolve desde a permanência no executivo municipal à possibilidade de disputar a presidência da República ou até mesmo a sucessão ao governo de São Paulo. Educação Serra chegou pontualmente à abertura da Bienal, ocorrida às 11 horas desta quinta-feira, no Anhembi. Aparentando tranqüilidade, o prefeito visitou os estandes, cumprimentou as pessoas e concedeu uma rápida entrevista coletiva, na qual criticou duramente o sistema educacional brasileiro. O prefeito disse que não é possível o Brasil ter uma média de 1,5 livro lido ao ano por habitante, enquanto a média mundial é de 10 livros e, em países como a França, a média anual por habitante chega a 20 livros. "É uma falha do sistema educacional brasileiro, pois a leitura produz conhecimento e leva à liberdade", complementou. O prefeito chegou a fazer uma comparação do Brasil com a cidade de Buenos Aires, na Argentina, para dizer que a capital argentina tem mais livrarias do que o País inteiro. "E isso não é por falta de capacidade empresarial do Brasil nessa área. É por falta do hábito da leitura, acesso (aos livros) e orientação", destacou. Ao comentar o fato de que estão sendo lançados mais de três mil títulos nesta Bienal, ele brincou: "Não falta no Brasil quem escreva, falta mais gente para ler." Serra não poupou nem mesmo a progressão continuada - sistema de não repetência dos alunos do curso fundamental -, que é uma das bandeiras implantadas e também defendidas por integrantes de seu partido, incluindo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Para Serra, "em nome do ultraliberalismo", o Brasil caminhou para "o analfabetismo". Ainda nas críticas, José Serra disse que 17% das crianças na 4ª série não dominam a escrita e a leitura. "Por isso, não adianta criar programas e inventar siglas, o problema é mesmo a educação", emendou, citando que sua gestão está investindo maciçamente neste setor para combater essa exclusão. Apesar das críticas que fez e não querer comentar absolutamente nada sobre política, José Serra demonstrou estar muito à vontade e tranqüilo às vésperas da tão aguardada decisão do PSDB sobre o seu futuro político e o do governador Geraldo Alckmin.

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