PUBLICIDADE

Serra condena rodovias federias e 'loteamento' do DNIT

Por Eduardo Kattah
Atualização:

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, criticou hoje a situação da malha rodoviária federal brasileira, afirmando que o País está cheio de "estradas da morte". Serra também atacou o que chamou de loteamento político no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e se disse favorável a uma negociação para a estadualização de BRs, com o repasse integral para os Estados dos recursos arrecadados com a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) - cobrada sobre o consumo dos combustíveis. Em visita a Belo Horizonte, onde participou do programa "Minas Urgente", da TV Bandeirantes, o candidato tucano afirmou que nos últimos oito anos o governo arrecadou, por meio da Cide, aproximadamente R$ 65 bilhões, mas apenas 1/3 deste montante teria sido gasto em investimentos nas BRs. Segundo ele, de cada 10 rodovias federais, oito estão "esburacadas". "Das estradas federais, de cada 10, oito não tem condições de operar. Está cheio de estrada da morte por todo lugar", afirmou Serra, para quem o atual "modelo federal não funcionou".Conforme o candidato tucano, o DNIT é um órgão que atua sem planejamento e "por critérios puramente político-partidários". Segundo ele, "totalmente loteado entre políticos", o órgão "serve para atrapalhar". "Então, a prioridade deixa de ser o interesse nacional, público, e passa ser o interesse político daqui ou dali. Isso comigo vai acabar", prometeu.No primeiro compromisso da visita a Minas Gerais, Serra elegeu o tema estradas como parte de sua estratégia de se comprometer com demandas históricas do Estado, o segundo maior colégio eleitoral do País. Com 10 mil quilômetros de estradas federais, Minas possui a maior malha de BRs do Brasil. Durante sua gestão, o ex-governador Aécio Neves (PSDB) chegou a propor à União a estadualização da malha federal no Estado, com o repasse integral dos recursos arrecadados com a Cide para a manutenção e outros investimentos. Os Estados recebem apenas uma parcela da arrecadação da contribuição. "Sou a favor de uma negociação", disse Serra quando perguntado sobre a proposta. Ele ressaltou que o Estado é a principal "vítima" da falta de investimentos nas rodovias federais. Também aproveitou para "anunciar", caso eleito, a duplicação da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares. O trecho em pista simples registra elevados índices de acidentes e mortes. "É um escândalo. É uma coisa que tem de ser duplicada, estrada da morte. Isso nós vamos pegar logo de cara. Se for necessário, a gente monta modelos. Um deles depende do governo do Estado. É transferir para o Estado algumas estradas dando alguma contribuição para isso. Porque quando o Estado comanda, você tem mais flexibilidade para atuar."O candidato do PSDB citou ainda como opção para a melhoria de algumas BRs o modelo de concessões adotado em São Paulo. Mas negou, ao ser questionado, que tenha a intenção de privatizar as rodovias federais em Minas. "Uma coisa é fazer concessão, outra é privatizar. Eu acho que em alguns casos pode fazer concessão. No caso de São Paulo foi feita, e 75% dos usuários consideram ótima ou boa (a malha rodoviária)."Ideias e ofensasNa capital mineira, Serra evitou comentar o acirramento da disputa com a presidenciável petista, Dilma Rousseff, afirmando que seria "perda de tempo". Segundo ele, a campanha presidencial está dentro da expectativa. "É uma campanha difícil, uma campanha bem disputada e eu espero que ela possa se basear mais em ideias daqui para diante", disse, se isentando do clima quente da disputa."Tenho levantado ideias por todo o lado, inclusive a respeito de divergências. Por exemplo: outro dia eu disse que a carga tributária no Brasil é muito alta, a mais alta de todos os países em desenvolvimento. A ex-ministra Dilma disse que a carga no Brasil é média e que está muito boa assim. Não era o ideal a gente discutir isso? Mas, de repente, uma discussão dessas é entendida como ofensa", reclamou.Empenho de AécioSerra desembarcou em Belo Horizonte na madrugada de hoje. Antes dos compromissos agendados, ele aproveitou para fazer gravações para o programa eleitoral, segundo informou Aécio. O ex-governador se irritou pela manhã, durante uma visita às obras do estádio Mineirão, ao ser questionado sobre eventuais dúvidas entre tucanos de seu empenho em favor de Serra. "Isso é uma bobagem, uma coisa reticente que está beirando já o ridículo." O presidenciável também reagiu com impaciência e saiu em defesa do correligionário. "É falta de assunto, é tititi. É claro que quando eu estou aqui o Aécio está mais ligado em mim do que quando eu não estou. Isso é normal", disse. "Está havendo pleno empenho, não vejo nenhum problema não. Estamos indo bem e vamos ganhar aqui." SalárioDurante o programa televisivo, Serra afirmou que considera correto o estabelecimento em lei de um piso nacional dos salários dos policiais militares. Mas evitou se comprometer. "Isso vai depender se tem dinheiro." Ele voltou a defender investimentos para o tratamento de dependentes químicos e a prevenção do uso de drogas. Reafirmou ser contra a descriminalização da maconha e prometeu ampliar o alcance do ensino técnico no País.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.